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Conversas à Mesa

Confort food na serra da Lousã

 

 

Uma iniciativa feliz: algumas aldeias da serra da Lousã têm vindo a ser recuperadas no âmbito do programa aldeias de xisto. Algumas casas transformaram-se em boas habitações sem perderem a traça, outras em  turismo rural e ainda outras em restaurantes e lojas de produtos típico da região. Já aqui vos falei do restaurante Ti Lena, no Talasnal, hoje trago-vos um outro, o Varanda do Casal, na aldeia de xisto Casal de São Simão, perto de Figueiró dos Vinhos. 


 

As mesas muito confortáveis e bem postas


O contraste entre o vidro e o xisto na fachada do restaurante


A partir de Figueiró a viagem é curta, mas bonita depois de sairmos do IC8 para a aldeia de Fato. Já foi mais bonita, porque só neste Verão já aqui houve 3 fogos de grandes dimensões e os arredores serranos estão muito ardidos. Até as monumentais Fragas de São Simão, um local privilegiado com piscinas fluviais naturais e quedas de água, estão enegrecidas. 


 

                                       

 

 

                    

 

 

 

O restaurante Varanda do Casal está alojado numa casa de traça moderna com grandes vidraças, contrastando com a rusticidade da aldeia, e de onde se avistam as encostas pintadas com o verde de pinheiros e eucaliptos. No andar térreo, há uma pequena loja de produtos locais. Quando subi ao primeiro andar, confesso que não estava à espera de encontrar mesas tão bem postas e uma sala tão bem decorada. As mesas redondas com toalhas alvas alternam com as quadradas de chemins às riscas cinzentas, mas o que lhes dá a vida são os copos de pé alto, todos de cores garridas e diferentes. 



 

O acolhimento foi simpaticamente feito pelo dono, proprietário do já meu conhecido restaurante Panorama, em Figueiró, que fechou para abrir este.  Por sugestão dele, pedimos umas entradas e um prato principal para dividir.

Os petiscos de entrada, muito bem apresentadas em tigelinhas de loiça branca, dividiam-se em favas bebé, diversos enchidos, minipataniscas e cachola.

As favinhas estavam normais, os enchidos um pouco secos. As pataniscas ricas em bacalhau com boa altura e textura, mas um pouco saborosas a alho. Era bom que os cozinheiros percebessem que o alho é muito mediterrânico e faz bem à saúde, sim senhor, mas não pode abafar os outros sabores.  Até na praia de Monte Gordo me serviram peixe grelhado carregado de alho picado, traiçoeiramente escondido debaixo dos opérculos do dito. 



 

A cachola é uma das comidas indispensáveis do dia da matação, como se diz nas Beiras para designar o sacrifício do porco. Dela come todo o pessoal que veio para a função. Cada região tem uma cachola diferente, mas nestas Beiras é feita com fígado, coração, um pouco de febra e o redenho (ou rissol, no Alentejo, o véu que rodeia as tripas e com o qual se fazem os torresmos do rissol).  Estava muito bom. Eu teria comido era um bom prato dela, em vez da amostra. 



 

Para acompanhar, saborosíssimo pão de centeio feito no forno de lenha da casa, de onde também saiu o belíssimo tachinho de vaca estufada. Para acompanhar, batatinha com casca e feijão verde da horta do dono. O feijão verde era  um caso sério, daquele amanteigado, sem um fio, muito bem cortado em tirinhas compridas e finas e sem nada (sem aqueles tais alhos) que lhe disfarçasse o sabor a...feijão verde. Se não houvesse mais nada no restaurante, ainda assim valia a pena lá ir só para o comer.

Não costumo recomendar um restaurante a que só fui uma vez e em que só comi um prato, mas depois deste tachinho de vaca, nem pestanejo. A carta é pequena, mas todas as alternativas atraentes: a tiborna de bacalhau e a chanfana em forno de lenha serão as minhas próximas escolhas. Porque vou voltar em breve.

De sobremesas provei a famosa tigelada da casa, que já foi motivo de prémio em concurso regional. É feita em forma rectangular em forno de lenha e cortada em fatias da mesma forma. Apesar de estar prediposta para gostar, não adorei. Tem duas texturas diferentes, uma mais “abolada”, e sabor demasiado alimonado. Pedi também um leite creme, que tinha boa textura e  vinha muito bem queimado. 




 

A tigelada


O leite creme

 O forno onde cozeu o pão e a carne

 

 

À saída, não deixe de ver os tapetes da loja e dê uma voltinha pela aldeia. Sobretudo não deixe de visitar as fragas de São Simão. 



Restaurante Varanda do Casal


Casal de São Simão


3260-030 Casal de São Simão

Aguda

Figueiró dos Vinhos

Telefone: 236 628 304 - 965 161 269


Fecho

É preferível telefonar antes de ir porque fecha alguns dias durante a semana.




 

 


 

 

Boooooolinhas

Já não encontro em praia nenhuma das que frequento a senhora dos bolos, com a saudosa caixa de gavetas que ela abria uma a uma para revelar delícias que só na praia da Figueira a minha mãe me deixava comer. Mas ainda não nos privaram da verdadeira estrela doceira da praia: a bola-de-berlim que, não sei por que bambúrrio da sorte, ainda se vende sem embalagem. Este ano comi-as de várias proveniências em três praias diferentes e comparei-lhes o preço e a qualidade.
Na praia do Gigi, Quinta do Lago, custam 1,60 euros e sabiam a óleo rançoso. Caras e más. 
No Guincho, 1,30 euros. Nada de especial. Pouco levedadas.
Em Monte Gordo, este homem vende as melhores bolas da praia (e provei umas quantas). reúnem as qualidades fundamentais numa booooolinha: fofas (porque bem levedadas), sequinhas e sem qualquer sabor a óleos. A qualidade manteve-se ao longo dos vários dias. O preço 1 euro. E ainda há um cartão de fidelidade que dá a oitava bola à borla. São as bolas do Ferra Macho. A não perder. Depois andam-se alguns quilómetrs à beira-mar e está o equilíbrio reposto. Obrigada meu Deus pelas booolinhas.

 

 

 

 

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