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Conversas à Mesa

PRÉMIOS AHRESP

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A AHRESP (Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal) criou um vasto leque de prémios para distinguir marcas, conceitos e personalidades ligados ao negócio e submeteu-os à uma votação online. O número de votantes ultrapassou os 110 000, logo nesta primeira iniciativa. Por outro lado, formou ainda uma Comissão de Honra, presidida pelo Secretário de Estado da Economia, Leonardo Mathias, e pelo presidente da AHRESP, comendador Gonçalves Pereira, e da qual tive a honra de também fazer parte. Esta Comissão ficou responsável pela atribuição de 4 quatro prémios: Personalidade do Ano, Prémio Lá Fora.

 

 

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Comendador Pereira Gonçalves, presidente da AHRESP, com a apresentadora Cristina Ferreira

 

 

 

Como não há prémios sem festa, teve a AHRESP a feliz iniciativa de promover uma gala, evento que foi muito bem concebido pela Green Media e que teve lugar no Pátio da Galé.

 

A lista dos premiados encontra-se aqui. Gostaria porem de distinguir alguns, a começar pelo prémio Carreira, muito bem entregue a José Quitério. Esta atribuição não teve apenas a ver com o seu trabalho de crónicas e críticas gastronómicas, mas também, e eu diria sobretudo, com todo o corpo de conhecimentos que nos legou em diversos livros. Neles, José Qutério consegue transmitir-nos uma grande quantidade de informação, mas sobretudo uma informação completamente segura e fiável, já que resulta de trabalho de investigação sério e exaustivo. Na minha opinião, não há obra tão fiável nesta área. A ele voltarei brevemente aqui no blog para falar do seu recente livro.

 

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 Comendador Rui Nabeiro, um empresário exemplar

 

O prémio de Excelência foi para um empresário consensualmente admirado em Portugal: Rui Nabeiro. Por ele nutro grande admiração e carinho.

 

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 Teresa Santos, secretária-geral da APTECE recebe o prémio Contributo para Defesa da Gastronomia como Património Nacional

 

Os meus parabéns também para a APTECE (Associação Portuguesa de Turismo de Culinária e Economia), que apesar de recente tem desenvolvido um trabalho muito meritório em prol das cozinhas regionais.

 

 

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 Cristina de Botton, da Cozinha com Alma, sobe ao palco para receber o prémio Projecto de Solidariedade

 

 

Uma palavra também para um dos premiados na categoria Projecto de Solidariedade, cuja vitória causou espanto até a Cristina de Botton, que a dirige. Falo da Cozinha Com Alma, um take away solidário em Cascais.

 

Parabéns à AHRESP.

 

 

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O bailado pôs  em cena muitas das profissões ligadas à AHRESP

 

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 A sala do Pátio da Galé

 

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Ao meio, Paulo Mendonça, vice-presidente da AHRESP, e grande responsável pelo evento. À dta, a sua mãe, Lurdes Santos, uma figura muito querida de Cascais, que dirige o restaurante Beira-Mar 

 

TERRA E MAR NO PRATO

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Há muito que no mesmo prato coexistem produtos da terra e do mar. Quando a carne não era abundante, mas se apanhava marisco, este era usado para a complementar. Esse era um tempo em que a maioria dos compradores não valorizava o marisco, e os pescadores abominavam lagosta, pelo seu aspecto repelente e por ser ávida dos corpos dos pescadores naufragados.

A cozinha oriental, chinesa sobretudo, mistura libertariamente estes ingredientes e os norte-americanos inventaram uma combinação destituída de sentido, tipo las veguiana, que acumula um bife com lagosta ou camarão gigante, verdadeiro carro anfíbio que servindo para a terra e para o mar de pouco serve. Mais valeria comer primeiro a lagosta e depois o bife. Chamam-lhe os cámones o Surf and Turf. Uma das combinações que mais gostei foi um peixe cozido em caldo de carne, no nova-iorquino Bernardin de Eric Ripert, mas lembro-me de ter partido para ele de má vontade.

 

O nosso clássico é a carne de porco com amêijoas, denominada carne de porco à alentejana, mas cuja origem é reclamada por algarvios. Outra combinação comum de porco e animal marinho é a de cobrir um peixe com toucinho ou bacon, havendo até quem tenha a ousadia de juntar chouriço a uma dourada ou a um robalo. A intenção primeva seria passar para um peixe de carnes secas alguma untuosidade da gordura porcina. Com a untuosidade passa também o sabor a reco e estraga-se um peixe que podia merecer melhor sorte. Já outra lógica poderão ter os peixes do rio, de textura mais seca, como a célebre Truta com presunto.

Estas combinações terra-mar, ou montanha-mar, só fazem sentido se forem resultado de um bom trabaho criativo. Caso contrário, será recomendável que se refreiem essas combinações espúrias, como diria José Quitério.

 

 

BELCANTO E VILA JOYA NA LISTA DOS 100 MELHORES DO MUNDO

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Pela primeira vez a lista dos melhores restaurantes do mundo (do 51º ao 100º) da revista Restaurant saiu primeiro que a lista dos 50 melhores. Trouxe uma boa novidade para Portugal: dois restaurantes nossos, o Belcanto e o Vila Joya nos 100 melhores, respectivamente em 92º e 99º lugar. Parabéns ao José Avillez, David Jesus e a toda equipa por esta entrada na lista mais cobiçada do mundo. parabéns também ao Vila Joya, por se ter mantido na lista.

A importância desta inclusão é imensa em termos de divulgação do restaurante e de Portugal como destino gastronómico que se vai começando a afirmar.

 

BONS MANJARES EM POMBAL

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Recordo-me muito bem de quando se parava na bomba da gasolina da Shell da Nacional 1 para consolo na interminável e sinuosa viagem Lisboa/Porto. Do lado direito do pequeno estabelecimento deparávamo-nos com uma montra de impecáveis frituras, ele era postas de bacalhau e filetes, ele era bifes panados e pastelada. Ou se parava ali, em Pombal, ou se ia à Bairrada, comer o bacorozinho empalado, sendo que ambos os locais se dispunham estrategicamente a meio do caminho entre a capital do sul e a do norte.

O Manjar do Marquês foi criado por um casal, o Sr. Evangelista, já falecido, e a Sra. Dona Maria de Lurdes, de porte irrepreensível e conversa interessantíssima. O negócio cresceu tanto que teve de ser transladado para as novas e gigantescas instalações, um empreendimento que nasceu da determinação de Maria de Lurdes. Ainda hoje esta senhora é presença permanente na cozinha, o cabelo apanhado numa «banana» sem um fio de fora, o olhar de águia ao qual não escapa um pormenor desafinado.

 

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Muitas e muitas vezes por ali passei, umas arrefeiçoando ao balcão, outras na casa de jantar. Nunca saí desiludida: a qualidade e a frescura são sempre iguais nesta casa, preparada para receber várias centenas de pessoas de uma só penada sem baixar a qualidade. Um caso especial de negócio familiar que cresceu harmoniosamente, o Manjar do Marquês é, sem dúvida, uma referência que, por vezes, não recebe a consideração merecida, sobretudo numa época em que muitos restaurantes não conseguem manter os standards da cozinha e do serviço.

Há poucos dias, numa ida para Coimbra, lá passei eu para almoçar, desta feita na casa de jantar. Além das entradas e dos fritos sempre impecáveis, comi um dos meus favoritos, o arroz de carnes. Na lista do restaurante estão bem presentes os pratos beirãos como este arroz de carnes, a morcela e os cabritos. A não perder em Maio, as ervilhas com ovos escalfados e as favas. Como mais-valia, uma grande atenção aos vinhos e uma vasta carta com bons preços.

E para acabar em beleza, um café com um pastel do Manjar.

 

 

Atenção, o Manjar do Marquês tem agora um dia de fecho, a quarta-feira.

Tel.  236 218 818

Estrada Nacional 1 (IC2), 3100-373 Pombal

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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