Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Conversas à Mesa

CAFÉ DA ETIÓPIA

image.jpg

A região de Yirgacheffe desenrola-se nas terras altas do Sudoeste da Etiópia, em altitudes de cerca de 2000 metros. Era aqui que dançavam as cabriolentas cabras do pastor Kaldi, depois de comerem as bagas vermelhas de uma planta, o cafeeiro. Os monges dos mosteiros em redor rapidamente transformaram estes grãos em infusões que os ajudavam nas vigílias de oração. Yirgacheffe é o berço do café. O Arabica desta zona é de intensidade (corpo) média e extremamente suave e aromático. De doçura extrema, mas com agradabilíssima acidez, apresenta aromas frutados (fritos vermelhos) e cítricos. A torra acima do médio puxa-lhe notas de avelã torrada. Estou a relaxar com uma chávena de Yirgacheffe Aricha, que trouxe da Noruega, onde 250 g custaram cerca de 9 euros. Caro, sem dúvida, mas bastam 20 g para 2 boas chávenas de café. Acho que é um dos primeiros cafés a provar por quem se quer iniciar nestas artes, numa máquina de eléctrica ou na Chemex.

image.jpg

COOKOFF, TRADIÇÃO, CRIAÇÃO E PASTEL DE BACALHAU

 

 

 

cookoff.png

 

O trabalho de jurada no concurso Cookoff, Duelo de Sabores, tem sido extremamente enriquecidor. Tenho aprendido muito com todas as equipas das regiões, que não podendo ser mais heterogéneas em idades, profissões e ocupações, estilos de vida e motivações, se mantêm unidas pelas raízes, trabalhando em perfeita sintonia na produção de pratos que legitimamente representam a identidade da sua cozinha. À partida é uma tarefa difícil, conseguir que quatro pessoas que não se conhecem e que lutam por algum protagonismo e pela prevalência da sua opinião, consigam chegar a pratos tão saborosos e representativos. Mas os grupos têm conseguido, a liderança surge espontaneamente de dentro deles e os pratos que saem das suas mãos têm superado em muto as minhas expectativas.

Com este pano de fundo, tenho pensado muito nas nossas cozinhas regionais, na sua riqueza e em como mantê-la sem a transformar em pedra, mas pelo contrário fazendo-a evoluir harmoniosamente, deixando cair aquilo que vai perdendo sentido.

 

Desde que me lembro que cada governo que entra produz comissões de gastronomia para apuramento do património gastronómico, comissões essas que começam muito extensas e se vão reduzindo e agonizando ou tendo morte súbita. Até que, em 2000, a gastronomia portuguesa foi considerada património cultural, tendo saído em Diário da República a 26 de Julho.

 

 

Como o Património é aquilo que está na base da nossa identidade e que temos obrigação de conservar, a cozinha deve obrigatoriamente ser preservada. A nível de receitas, a cozinha portuguesa está mais que identificada. A nível de produtos, não se passará o mesmo, mas esta situação vem melhorando recentemente.

Só que o património gastronómico não é como um edifício que o estado pode tombar e manter tal qual (geralmente a cair de podre). A cozinha está viva, todos os dias se pratica, todos os dias é mexida e dificilmente se arruma em receitas ou fórmulas. Essa é a sua verdadeira riqueza. Por vezes temos de nos preocupar mais em conseguir apresentar bons pastéis de bacalhau, daqueles que levam bacalhau, e não escamudo, e batata, e não têm espinhas nem óleos marados, do que com a introdução alienígena de queijo, de chouriço ou de óleo de trufa no dito cujo. Só a qualidade permite manter uma receita ou um produto. Só o gosto da época os ratifica. A cozinha não se faz por decreto, faz-se, claro, com os cozinheiros profissionais, mas também com as gentes que aparecem no Cookoff, com todos aqueles que cozinham e comem. E, como tenho a vindo a descobrir neste concurso, não são só os profissionais que são criativos: a mudança também vem das bases. E é esta que vai transformando devagar, mas solidamente, a cozinha.

 

 

 

 

COOKOFF DUELO DE SABORES

cookoff

 

 

A partir das meias finais, vou fazer parte desta equipa fantástica como terceira jurada. Amanhã começo as filamgens na meia final do Cookoff, Duelo de Sabores, em Cascais. O programa correu o pais todo à procura das melhores receitas regionais. Vamos estar todo o dia a filmar na Baía de Cascais. Para mim é uma nova experiência, mas tenho ao meu lado dois óptimos profissionais, o José Cordeiro e o Kiko, e, claro, a espantosa Catarina Furtado. 

EM TROMSO, NORUEGA

IMG_0625 copy.JPG

 

 

Partilho convosco as imagens da minha viagem à Noruega, em pesquisa para um novo livro. Começo por Tromso, a pequena cidade bem a norte, onde durante 4 dias houve sempre sol. Tromso situa-se numa ilha, à qual acedemos através de túneis. Um dos túneis até tinha uma rotunda!

A cidade tem uma universidade, muita gente nova e multiculturalidade. É um antigo porto de pesca, rodeado pelas montanhas que descem até aos fiordes (os braços de água salgada), sempre cobertas por neve. É um dos locais da Noruega onde mais neva, chegando a atingir mais de 2 metros. 

Dormir no primeiro dia foi dificil. Tal é a ansiedade que os noruegueses têm de luz que raramente as casas têm cortinas. Quando saímos de um concerto na igreja do Árctico (foto em baixo), cerca da uma da manhã, o sol estava alto, a ponto de ter de usar óculos escuros...

As gentes são tranquilas, amigáveis e muito viradas para o essencial. Todos os dias passam por Tromo dois barcos da carreira, um vindo do sul, de Bergen, e outro do norte. Não me sai da ideia fazer aquela viagem de cabotagem por toda a recortada costa norueguesa. 

 

tromso-map.jpg

 

 

DSC_6135 copy.jpg

IMG_0659 copy.JPG

 

Com a Justa Nobre e o Vasco, o nosso cicerone da Norge. Por trás, a estátua do norueguês Roald Amundsen, o primeiro explorador a chegar ao Pólo Sul, batendo Robert Scott. Lembro-me de, em miúda, ter achado uma enorme injustiça Scott ter sido batido.

 

 

IMG_0661 copy.JPG

 

Parte do porto de Tromso.

 

 

IMG_0749 copy.JPG

 

À porta de uma casa antiga com telhado de terra e vegetação.

 

 

IMG_0803 copy.JPG

 

Monumento ao pescador, no seu dóri.

 

 

IMG_0806 copy.JPG

IMG_0808 copy.JPG

IMG_0809 copy.JPG

 

 

 

IMG_0813 copy.JPG

 

Um moçambicano e um português cozinheiros no Ra, restaurante de sushi em Tromso

 

IMG_0817 copy.JPG

 

 

IMG_0818 copy.JPG

 

A loja de presentes com um urso polar à porta, junto ao qual toda a gente tira fotos.

 

 

 


IMG_0820 copy.JPG

IMG_0822 copy.JPG

 

 

 

IMG_0838 copy.JPG

IMG_0860 copy.JPG

 

A Igreja do Árctico, à uma da manhã.

IMG_0879 copy.JPG

 

Só nos falta o Mário Cerdeira a quem, como de costume, agradeço as fotos. Foram todos os melhores companheiros que se pode ter em viagem: sempre bem dispostos e pontuais.

 

 

 

 

 

Pág. 1/2