NUNO MENDES E AS ROCKS KNIVES
Uma faca é um objecto fascinante. Como arma, é típica da nossa região da Estremadura. Veja-se a célebre figura do fadista dos fins do século XIX, primorosamente caracterizado por Ramalho Ortigão nas Farpas, cuja «ferramenta do seu ofício consta de uma guitarra e de um Santo Cristo, que assim chamam tecnicamente a grande navalha de ponta e tríplice calço na mola».
Com intenções mais pacíficas e práticas, os nossos avós traziam sempre uma navalha no bolso e era um fascínio vê-los puxar dela para cortar o tranco de uma árvore ou uma rodela de chouriço.
Hoje, a faca surge sobretudo à mesa, fazendo parte da nossa utensilagem de ataque a quase tudo o que nos aparece no prato. Cortamos, dilaceramos, espetamos. No Império dos Signos, Roland Barthes põe em paralelo a brutalidade do nosso modo de usar a faca, versus a delicadeza oriental no manejo dos pauzinhos que nunca violam a comida, apenas a separam seguindo as fissuras naturais dos alimentos.
Para nós ocidentais, se ainda não cedemos à fast food que dispensou os talheres em favor dos dedos, a faca é um instrumento fundamental à mesa. É importante o seu aspecto, a eficácia da sua lâmina e o equilíbrio do seu peso. O conhecido chef português Nuno Mendes, com diversos restaurantes em Londres e grande embaixador dos nossos produtos, resolveu produzir facas de inspiração portuguesa e feitas em Portugal para os seus diversos restaurantes. Mas não só, estas facas também estarão à venda nas lojas A Vida Portuguesa, de Catarina Portas. São lindas e resultam de uma parceria com Paulo Amado, sendo obra de Carlos Norte, um cuteleiro da Benedita. A inspiração foi justamente transformar a navalha do avô numa boa faca.
O chef Nuno Mendes na apresentação das facas, que teve lugar no Apartamento da agência de comunicação PlataformA, de Armando Ribeiro.
Há quatro tipos de facas: a de queijo, a Bandido, inspirada no Santo Cristo, a navalha de ponta e mola, a Caneças e a Capa Grilo inspiradas também em navalhas. Para os cabos, foram escolhidos materiais nobilíssimos: madeira de oliveira (são preciosas) e de ébano angolano, acrílico com tela de cortiça e chifre de boi.
O preço ronda os 40 euros por faca.
As bainhas das facas