Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Conversas à Mesa

RESTAURANTES EMBAIXADA 2

foto equipa VS

 

 

 

 

Escrevi há pouco um post sobre os restaurantes embaixadas, em redor do caso de sucesso que é a Itália.

Hoje, venho a terreiro defender o importante papel dos restaurantes portugueses no estrangeiro para a divulgação da nossa gastronomia, tendo como pano de fundo um outro caso de sucesso: as tascas e kitandas do nosso Vítor Sobral.

Começo já dizendo que tenho profunda admiração por este chef como profissional, e grande estima pelo Vítor como pessoa. Quando escrevi O Grande Livro dos Chefs, foram duas as grandes ajudas que recebi na fase inicial, uma de José Quitério, outra de Vítor Sobral. Nunca as esquecerei.

Hoje chamo aqui o Vítor Sobral para o dar como exemplo dos novos restaurantes portugueses embaixada. Vítor Sobral foi sempre pioneiro. Um dos primeiros portugueses a abraçar a cozinha moderna (princípio da década de 90), foi, juntamente com Joaquim Figueiredo e Fausto Airoldi (e, no Porto, Miguel Castro e Silva), o rosto da nova cozinha portuguesa, introduzindo novos produtos, dando protagonismo a outros que há muito não tinham honra de mesa burguesa e, sobretudo, os ditames da Nouvelle Cuisine em termos de métodos de confeção. Estes levaram quase duas décadas a cá chegar. Muitos anos depois, Vítor Sobral foi chefe de fila da bistronomia portuguesa com a sua Tasca da Esquina.

Durante muitas dezenas de anos, os restaurantes portugueses eram dedicados unicamente a portugueses, com uma ementa profundamente fundamentalista. Comi em alguns deles no Canadá, em Nova Iorque, na África do Sul ou no Brasil. Todos iguais, neles reinando sempre o bacalhau. Todos eles tiveram o seu valor, reunindo em seu redor os elemento da portugalidade.

Hoje, tudo mudou. Os restaurantes portugueses são para estrangeiros também. Tal como os restaurantes italianos ou chineses se adaptaram ao gosto local, é inevitável que o mesmo se passe com a comida portuguesa.

Sabemos hoje que o principal elemento que define uma cozinha não são os pratos, mas sim os produtos. Não há pratos sacrossantos. Os restaurantes de Vítor Sobral divulgam os nossos produtos, misturando-os com os locais adaptando a nossa cozinha com finura ao gosto local. Não é por acaso que os seus restaurantes de Lisboa estão cheios de brasileiros. A provar esta preferência, estão os vários prémios que a tasca da Esquina/São Paulo tem recebido por parte dos meios de comunicação da área no Brasil. Recentemente foi a conhecida revista Veja, de São Paulo, a considerá-lo o melhor restaurante português no Brasil em 2015.

Parabéns ao Vítor por este seu papel de embaixador da nossa gastronomia, parabéns que estendo ao outros elementos do triunvirato que soube sabiamente formar: Hugo Nascimento e Luís Espadana. Espero que continuem a fazer esse trabalho importantíssimo para a nossa gastronomia, a saber, a sua divulgação no estrangeiro.