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Conversas à Mesa

As lulas do Pollen Street Social

A mesa do chef ou Social Room.

 

 Jason Atherton saiu do Maze (Gordon Ramsay) para abrir este restaurante de fine dining bastante informal, cuja inauguração foi justamente a festa da Academia dos 50 Best, em 2011. O Pollen Street Social é um restaurante urbano, com vocação nitidamente socializante, e sobretudo muito completo. É fácil perdermos a conta ao tempo e passar lá dentro 5 ou 6 horas, desde que se começa com umas bebidas no bar, servidas a preceito por imaginativos barmen, até que se acaba no balcão das sobremesas, servidos pelos pasteleiros, ao mesmo tempo que observamos o movimento da cozinha, ou até falamos com o chef, sempre muito presente.  

 

Um ponche bem colorido no bar.

Este bloco de gelo é picado directamente para as bebidas.

 

 

 

 

 

 

A decoração traduz o estilo urban: madeiras, vidraças e pele, tudo muito branco, e um balcão de serviço a dividir longitudinalmente a casa de jantar. Simpatia extrema do pessoal de várias origens e cores, sempre em movimento transportando os pratos em gigantescas bandejas. O serviço pode dizer-se informal, mas com toques de alta, como a mudança de guardanapo sempre que alguém se levanta. Tive a sorte de ficar sentada num confortável chesterfield colado a uma das paredes, e ao lado de um par de simpaticíssimos "lads" que alegraram a minha refeição solitária. Um era do ramo, dono de uma cadeia de pubs, o outro marketeer. 

 

Os dois "lads". Na opiniao deles o restaurante é um pouco caro face à concorrência.

 

Mas passemos então ao core businness (hoje estou para os anglicismos...). 

Para começar um peito de codorniz com uma escolta da cenoura mais saborosa que já comi. 

 

O peito de codorniz com a saborosíssima cenoura.

 

E vem o seguinte: um salmão marinado com salicórnia que cumpre bem e que deixa perceber sem disfarce os sabores do peixe selvagem. 

 

Mas é o terceiro prato que me convence e que seria suficiente para eu voltar ao Pollen Stret Social todas as semanas e sempre para o saborear. A base são as lulas cortadas (depois de congeladas) do tamanho de grãos de milho e envolvidos num creme, e a couve-flor em lascas finérrimas. A complementar, um caldo de lula e vários crocantes negros de nabo e de arroz tufado passados na tinta dos moluscos. Fui suficientemente expressiva sem acrescentar aquelas expressões detestáveis do ir ao céu etc?

 

O creme que envolve as pérolas de lula é visível como segunda camada, debaixo das lâminas de couve-flor. Um prato extraordinário.

 

A seguir, um halibute com puré de pimentos e umas bochechas de vaca e língua do mesmo animal com puré de batata. Confesso que, depois das lulas, nada poderia ter história. 

 

 

O halibut. O telemóvel é extra...

 

A textura da bochecha bem visível à esquerda, a língua à direita.

 

Fomos então convidados a passar para o balcão das sobremesas, onde se assiste à sua preparação ao vivo, e onde podemos ver a cozinha em pormenor através de uma vidraça de ponta a ponta.

 

 

A cozinha é de aço com uns puxa-ar gigantescos no tecto que não fazem barulho.

 

As sobremesas tinham todas uma agradavel ponta ácida, quer a de ruibarbo, quer até a recriação do rice pudding, devido à complentariedade de uma gelatina de lima. 

Rice pudding.


Ruibarbo com gelado.

 

No fim, a felicidade de ter comido aquelas lulas levou-me a ir abraçar carinhosamente o Jason, que já conhecia de uma belíssima exibição no Madrid Fusión de 2010. 

 

eu com um ar profundamente reconhecido pelas lulas.

 

O menu do almoço prix fixe com entrada, prato e sobremes fica em 23,5 libras mais bebidas e serviço. A lacarte, as entradas todas acima das 10 libras e os pratos acima das 20. 

 

O restaurante tem ainda a curiosidade de ter à vista um frigorífico de maturação de carnes. 

 

 

Pollen Street Social,  8/10 Pollen Street,  London W1S 1NQ  Tel. +44(0)20 7290 7600 

Site   http://www.pollenstreetsocial.com