Um dia cheio em Nova Iorque: Uptown
Lembro-me de ter ido duas ou três vezes a uma loja do Upper West Side (More and More) que praticamente só vendia enfeites para árvores de Natal, mas estava aberta todo o ano.
A fatia do meio de Manhattan, a Midtown, é essencialmente a zona mais turística, onde ficam Times Square e as lojas dos tacky souvenirs que todos nós adoramos, os grandes armazéns, como o Macy’s, e onde é tão divertido passear na rua. Downtown é a fatia mais “alternativa” onde se situam Greenwhich Village, o Soho e Chinatown. Actualmente, a zona mais in é o Meatpacking District. Assim, a proposta que vos trouxe de lá consiste em dois roteiros/dois dias nova-iorquinos, um Uptown e outro Downtown.
O vintage car descapotável de um dos clientes que estava a tomar pequeno-almoço no Nice Matin
Hoje vamos passear pela parte de cima de Nova Iorque, Uptown, cujo coração verde é o Central Park. O dia tem de começar muito cedo, para aproveitar a diferença dos fusos horários e permitir uma longa manhã cultural. O ideal é estar logo à abertura do Met (9h30) ou do Guggenheim (10h). Qualquer destes museus é muito grande, pelo que não é possível vê-los num só dia, muito menos numa manhã. O meu conselho é que não deve entrar sem saber exactamente qual ou quais as partes do museu irá visitar. ATT, os museus têm um Fast Track de entrada, muito útil para evitar as longas filas, para quem tem, por exemplo, o New York pass.
Antes de entrar no museu, há que tomar um bom pequeno-almoço. Eu gosto do Nice Matin, quando me apetece o clássico europeu. Costumo encomendar o cesto pequeno (4,5 dólares), que traz quatro fatias de diferentes pães, todos eles muito bons, e ainda manteiga e doce, mas os croissants também são boa opção. Desta vez tomei o pequeno-almoço com um bom amigo, o David Leite, autor do livro The New Portuguese Table e do fabuloso e premiado site Leite’s Culinaria.
Na boa companhia do David Leite, com a Barnes and Noble por trás
À mesa do Nice Matin
Ao almoço, nada de restaurantes com modernos flings, zings ou twists. Isso está mais que visto e, a menos que a coisa seja muito especial, são tirados a papel químico. A minha proposta é um almoço rápido e barato para poupar dinheiro e lugar no estômago para um bom jantar. Desta vez optei pelo Luke's, uma tasquinha originária do Maine, cuja pesca de lagosta é sustentável.
A entrada para o Luke's, uma loja estreita e comprida com bancos altos
O tema é a pesca da lagosta, uma actividade sustentável no Maine
O ambiente é deste género, muito descontraído
No menu há chowders (industriais, não recomendo) e as famosas sanduíches ou rolls de lagosta, caranguejo e camarão. Há um combo destas três sanduíches, 2 pacotes de batatas e 2 bebidas que dá para duas pessoas e custa 38 dólares. A menos que sejam masoquistas, não escolham a root beer, uma bebida de cana de açúcar e especiarias que sabe a pá do lixo, prefiram a de limão e lima, bastante fresca, ou optem pela cerveja do Maine. O pão destas sanduíches é redondo, tipo hot dog, e barrado com uma manteiga de limão e especiarias que lhe dá um sabor muito especial. O marisco é fresquíssimo e suculento, embora um pouco falho de sal como é habitual nos States. A combinação vale a pena.
Depois do almoço, não deixe de visitar o Zabar's, uma mercearia que tem todos os produtos étnicos e uma variedade incrível de queijos, azeitonas, azeites, pães e cafés. É uma espécie de Dean & DeLuca todo desarrumado, onde não se vai para olhar mas sim para comprar. Escolher um queijo, um café ou um azeite torna-se muito difícil para quem não sabe o que quer, tal é a variedade. Não deixe de visitar os utensílios e panelas de cobre do andar de cima. Também vale a pena pela clientela, do mais heterodoxo que pode haver.
A secção dos cafés e chás
Tudo é muito informal
Bom a seguir, uma espreitadela à livraria Barnes and Noble, que tem uma gigantesca secção de cozinha. Fiz várias aquisições, entre elas um livro muito interessante sobre animais de quinta: vacas, ovelhas, porcos. Chama-se The Ginger Pig.
E pronto, está na hora de pensarmos num bom jantar. Rume a Columbus Circle e delicie-se no Per Se, o restaurante nova-iorquino do Thomas Keller, com 3 estrelas Michelin e considerado um dos melhores do mundo. Veja a descrição do jantar que lá fiz, publicada no Público, mas que pode ler aqui mesmo no blog. Outra alternativa menos dispendiosa, mas também digna, é o Lincoln, no nº 145 da 65th Street West (o chef é o Jonathan Benno).
Não há dúvida de que foi um dia em cheio. E prepare-se para a próxima crónica, outro dia em cheio, desta vez Downtown.
The Metropolitan Museum of Art
Fifth avenue com a 82nd street
Abre às 9h 30. Fecha às segundas-feiras
ATT: o New York Pass dá entrada gratuita e pelo canal Fast Track
http://www.metmuseum.org/
Guggenheim
Fifth avenue com a 89nd street
Abre às 10 h. Fecha à quinta-feira
http://www.guggenheim.org/
Nice Matin
201, 79nd street com a Amsterdam av.
Luke’s
Upper West Side
426 Amsterdam Avenue
Zabar’s
2245 Broadway, no cruzamento com a 80nd street
Barnes and Noble
82nd street com a Broadway