A passagem de testemunho no Galito
Ora é justamente pela defesa e manutenção da nossa cozinha que restaurantes como o Galito se tornam referências importantíssimas. Vamos então a ele. À frente deste restaurante de comida do Alto Alentejo esteve durante anos e anos a Dona Gertrudes. Esta foi a primeira vez que lá fui já depois da passagem do testemunho para o seu neto Leonardo, daí a minha curiosidade para ver como estava o novo cozinheiro a sair-se.
Com a Dona Gertrudes, admirável cozinheira e simpática senhora
Não vou fazer suspense, gostei e vou continuar a lá ir. Pelo menos enquanto o pai, o Sr. Henrique continuar a “controlar tudo o que vem da cozinha, não vá o rapaz lembrar-se de fazer modernices”. O “rapaz” fez a escola hoteleira e parece ter aprendido a lição com a avó, continuando a valorizar as preparações lentas e simples e os bons produtos.
O Sr. Henrique, filho e pai, é a espinha dorsal do Galito
Logo para começar, as empadinhas de javali estavam magníficas, massa impecável, recheio no ponto, nem seco nem demasiado cremoso. Depois, como éramos quatro à mesa, foram chegando pratos. As pataniscas estavam com a espessura de que eu gosto. Quando ficam demasiado finas, como agora se vão encontrando por aí, altera-se a razão fritura/recheio em detrimento do sabor deste. O gaspacho, a preceito, abriu muito bem a refeição.
O colorido gaspacho alentejano
O prato que menos gostei foram os pezinhos de coentrada que, talvez por falhos em acidez e sal ou pela qualidade deles, se tornaram enjoativos. Mas devo dizer que o comensal que os encomendou os achou bem confeccionados.
Das sobremesas falámos logo na entrada. A carta de vinhos, sempre muito rica. Os cafés foram tomados na mesa do pessoal da casa, com a agradável companhia da Dona Gertrudes, que costuma aparecer amiúde.
Já na mesa da casa, no fim do almoço. Só falta o Mário Cerdeira, ocupada a tirar a foto!
A cozinha alentejana fez-se à base dos sabores das ervas e dos condimentos que compensavam genialmente a escassez de produtos-base nobres. Quando nessa cozinha se introduzem bons peixes e belas carnes, torna-se sem rival. Estas palavras do fim são para o neto Leonardo: há coisas que não precisam de ser mudadas; há coisas que não devem ser mudadas.
Obrigada ao Mário Cerdeira pelas fotos.