Tanta história naquelas salas. O Ritz, abriu as suas portas em 1959, fruto da ideia de dois empresários, Ricardo Espírito Santo e Manuel Queiroz Pereira, que queriam que Lisboa tivesse um hotel de luxo. A primeira brigada, vinda de França, era chefiada por Pouquet, enquanto na sala o maître d’ tinha vindo do inolvidável hotel Avis, que acabara de fechar. O serviço era de guéridon (pratos acabados na sala, num carrinho, por exemplo os emocionantes flambés) e a cozinha tinha uma componente regional e de mercado. No ano de 1964, Helmut Ziebell desembarcou em Lisboa no Sud-Express, a fim de substituir um amigo seu na brigada deste hotel.
Na bagagem trazia já alguns anos de carreira nos melhores hotéis da Europa. Nascido em Pernitz, na Áustria, crescera na difícil e dura época do pós-guerra. Aconselhado pela mãe a ir trabalhar na cozinha, a única profissão onde sempre teria comida e calor, fez a escola de hotelaria em Nuremberga. Um dos seus primeiros trabalhos foi na Suíça, com Otto Thöni, discípulo do grande Escoffier. Trabalhou também em Itália, em Inglaterra e em cruzeiros de luxo. Permaneceu no Ritz entre 1964 e 1975, tendo passado os conturbados anos que se seguiram ao 25 de Abril (época em que o Ritz se encheu com os retornados vindos das antigas colónias) no Intercontinental de Riade. Em 1981, regressou ao Ritz, quando este foi comprado pela cadeia Intercontinental, tendo saído definitivamente em 2001, depois de muitos anos de trabalho como chef executivo e de ter granjeado enorme prestígio. Ao longo desses anos, foram inúmeros os profissionais que passaram pelas suas brigadas, verdadeira escola onde se aprendiam as mais complexas técnicas. Uma das novidades que introduziu foi um buffet, que se tornou referência. O actual chef do ritz Four Seasons é o franco-canadiano Pascal Meynard, que já trabalhou no Pré Catelan, de Paris.
Hoje fui com um grupo de amigas fazer o nosso almoço de Natal no Ritz. O hotel, sob a direcção do genial Costa Macedo, está lindo e extremamente agradável, de um luxo understated.
O buffet fica por menos de 60 euros por pessoa com água e cafés. A melhoir parte do buffet é a parte fria, bastante rica, que inclui lagosta e lavagente cozidos, sushi e sashimi. Passa-se depois aos pratos quentes. Dos 5 que havia, provei o robalo inteiro com molho holandês, bem confeccionado, embora o robalo não fosse de qualidade superior e a picanha fatiada em guéridon (o carrinho da foto a preto e branco), qualidade da carne média.
O buffet de sobremesas estava muito bem. Os mil folhas são sempre de provar, um incomparável clássico do Ritz. O docinho de manga estava lindo e muito bom. As gomas são muito boas, assim como os mini pastéis de nata que vêm com o café.
É um almoço para saborear lentamente e que vale sobretudo por todo o ambiente. É divertido, vêm-se sempre muitas figuras públicas e o serviço é muito profissional. Por 55 euros por cabeça, fixos sem surpresas, vale a pena experimentar, num dia em que possa faire la longue table.