Conversas à Mesa

A goiabada substituiu no Brasil muitas das receitas que nos fazemos com marmelada. Neste caso não foi por falta de marmeleiros, que lá se deram bem e existiram em grande quantidade. Na dúvida eu não teria dúvida em preferir a goiabada. O que acham?
Hoje deixo aqui mais uma receita da Rosa , escritora paulista e autora de vários livros sobre alimentação (Sem Garfo nem Faca, Doces Sabores, Machado de Assis, Relíquias Culinárias).
















Pudim de goiaba

7 claras grandes
1 embalagem de goiabada com cerca de 600 g
1 embalagem de queijo Catupiry ou de queijo Philadelphia
meia chávena de leite


Unte uma forma média de canudo com manteiga e polvilhe com açúcar. Aqueça o forno a 170ºC e coloque no terço inferior o tabuleiro com água para o banho-maria.

Comece por derreter a goiabada com meia chávena de água, até ficar uma pasta homogénea. Deixe esfriar.

Bata as claras em castelo firme. Junte a pasta de goiabada às colheradas. Deite na forma e leve ao forno durante cerca de 15 minutos. deixe arrefecer 10 minutos dentro do forno e retire. Deixe ficar na forma até estar quase fria e desenforme para um prato.

Num tacho, derreta o queijo com o leite sem deixar ferver. Sirva o pudim com o queijo derretido morno.

Se preferir pode fazer pudins individuais em forminhas.

Baba de moça

A adaptação que as mulheres portuguesas fizeram das nossas receitas aos ingredientes que tinham á sua disposição no Brasil revela uma imaginação prodigiosa. O caso da baba-de-moça revela que a partir de certa altura existia já um gosto doceiro instalado que exigia certos sabores, como o do coco. Coco esse que não existia no Brasil, tendo sido trazido da Índia para o Brasil. Será que não conseguimos recuperar essa grandeza de espírito, essa coragem, essa capacidade de adaptação e essa criatividade?

Receita retirada do livro Doces Sabores da paulista Rosa Belluzzo

1 coco grande ralado
2 chávenas de chá de açúcar
1 chávena de chá de água
6 gema
Para extrair o leite de coco colocar o coco ralado num pano da loiça fino, dentro de uma vasilha, e adicionar aos poucos 1 copo de água quente. Juntar as pontas do pano e espremer, a fim de extrair o sumo da fruta.
Em seguida passar as gemas na peneira e misturar o leite de coco.
Com a água e o açúcar, fazer uma calda em ponto de fio brando, deixar amornar e juntar a mistura de ovos e leite de coco. Voltar ao fogo, mexendo sempre, até aparecer o fundo da panela. Tirar do fogo, deixar esfriar e colocar em tacinhas.





Versão simplificada
Fazer a receita de ovos moles (eventualmente na Bimby, fica óptima) com 8 gemas para 250 g de açúcar e 140 ml de água.
Juntar o leite de coco aos ovos moles ainda quentes: para a receita anterior, 3 colheradas de leite de coco bem espesso. Distribuir por tacinhas e enfeitar com coco ralado, para dar textura.

Este prego de atum faz-me voltar sempre à Cervejaria da Esquina, do Vítor Sobral. Mal passado, claro, só praticamente selado de um lado e doutro, e com uma barradela de mostarda.

Cervejaria da esquina
R. Correia Telles 56
Campo de Ourique
Tel. 213874644

Passaram hoje 55 anos sobre o primeiro programa de Maria de Lourdes Modesto na RTP. Na altura professora no Liceu Francês, esta mulher de figura impecável e um palmo de cara de fazer inveja estreou-se ensinando os portugueses a comer alcachofras. Segundo afirmou durante o almoço, "por estas horas há 55 anos estava eu a chupar uma pétala de alcachofra diante das câmaras". Foi a mistura do seu refinamento com a sua simplicidade que cativaram os portugueses ao longo de 12 anos. Fez-nos ter orgulho na nossa cozinha e criou uma identidade nacional baseada nas cozinhas regionais. E isso não é tarefa fácil.
Hoje no Grémio Literário juntaram-se quase cem pessoas que, de uma forma ou outra, se cruzaram com ela ao longo da sua vida. Estava linda como sempre, apesar de a festa ter sido uma total surpresa.
Foi para mim uma grande emoção estar na mesma mesa com as tres maiores figuras da nossa gastronomia: Maria de Lourdes Modesto, José Bento dos Santos e José Quitério.
Obrigada por tudo o que nos têm dado.