A LAMPREIA JÁ CHEGOU
É um bicho feio como o diabo. Tem a pele escorregadia e a boca abre-se medonha, rodeada de dentes, para sugar o sangue das presas que o tenham frio. Animal extremamente primitivo, macho e fêmea morrem logo após a rerodução. É uma espécie de vampiro do mares que nos enche de terror. E o prato de sabor, para quem ultrapassa todos esses arrepios de pele. Por isso, ou se ama ou se adora aquela textura firme e o sabor quase a carne da lampreia, que a tornou uma favorita na época dos jejuns abstémios católicos.
É um dos poucos produtos rigorosamente sazonais, o que a torna ainda mais apetecível. Por outro lado, não é um prato fácil de se fazer em casa, porque é preciso saber arranjá-la, começando por retirar o muco que lhe recobre o corpo, primeiro com água a ferver, depois esfregando-a com uma saco de rede e raspando-a com a faca. Em seguinda, dependura-se, faça-lhe um orfício em local proprio e deixa-se escorrer o sangue, que se aproveita. depois, abre-se e retiram-se-lhe as vísceras e a célebre tripa, que lhe dá mau gosto. Só arranjei lampreia uma única vez e foi quando frequentava a Escola de Hotelaria do Estoril, e não tenho nenhuma vontade de repetir. Por isso, só a como em restaurantes bem escolhidos. Um deles é o Beira Mar, onde fiz a estreia anual com um arroz de lampreia. Mas há muitas outras maneiras de a comer, como podem ver aqui no blog:
http://conversasamesa.blogs.sapo.pt/estreia-da-lampreia-76854?view=83510#t83510
A acompanhar um espumante tinto.
A todos os que gostam de lampreia, desejo uma época feliz. Aos outros, o meu pesar.