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Conversas à Mesa

VINTAGE NO SARAIVA’S

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Há restaurantes que valem sobretudo pela memória que deles guardamos ou pela época datada que transpiram por todos os poros. Em Lisboa, ainda há uns tantos assim, quase inalterados decorativa e alimentarmente. O Saraiva, numa perpendicular à Sidónio Pais e António Augusto de Aguiar é um deles, digno de uma romagem de saudade, para quem viveu a época dos anos 80, ou de uma visita de estudo, para quem ainda não andava nestas lides.

 

 

O Saraiva foi baptizado em honra de um conhecido restaurateur português, fundador também do Belcanto e do Lorde (da Vítor Cordon). Estes restaurantes eram frequentados por empresários. No caso do Belcanto (fins da década de 50, ppios de 60), o jantar era para homens de negócios com as suas companheiras de ocasião.

O Saraiva’s era famoso pelo seu bar, que ficava aberto o dia todo, o que hoje já não acontece por falta de procura. A ementa é a típica dos anos 80, sem qualquer promiscuidade com a modernidade. Nela se destaca um clássico, os «Ovos à professor» (9,5€), uma criação do famoso Professor Cid dos Santos, da Faculdade de Medicina de Lisboa, cirugião e grande investigador. O Professor, cliente assíduo destes três restaurantes, resolveu um dia ir para a cozinha e preparar um dos petiscos que costumava fazer em casa, uns ovos com pão frito e presunto. A receita agradou de tal modo, que pediram autorização ao Professor Cid dos Santos para incluir estes ovos na carta. Pensava eu, e muitos mais como eu, que esta cena teria tido lugar no Belcanto. À conversa com o actual gerente, asseverou-me ele que tudo se tinha passado afinal no Lorde e que ele pode contra a história em primeira mão, uma vez que estava lá.

 

 

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Vale a pena ir ao Saraiva’s só pelos ovos à Professor, sobretudo após uma maratona de compras no Corte Inglès.

Comeram-se ainda à guisa de entrada umas boas pataniscas de bacalhau (que eram prato do dia por 14 €), seguidas por umas regulares costeletas de Borrego com batatas fritas e feijão verde. Outros pratos do dia: gaspacho (3,5€), Salmonetes à Setubalense (14€), Dourada no forno (14 €), Misto de carnes frias com salada russa (16 €, ficou-me aqui o coração por ter sido um clássico dos anos 70) e Lombinhos de Coentrada (14€). Há meias doses por volta dos 11 €.

A rematar, um carro de sobremesas do qual tinham desaparecido algumas presenças habituais. A opção foi para as trouxas de ovos, de boa qualidade.

 

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O serviço é à antiga, ou seja não tratam o cliente por você, cortês e eficiente.

Não deixe de pedir para ver a salinha de dentro, onde se conserva a decoração antiga, toda em azul petróleo, alcatifas e veludos. E não deixe também de ir mais cedo, para poder tomar uma bebida no bar, mas não peça um gin, vá pelo whisky. É mais vintage.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Saraiva’s

Rua Engenheiro Canto Resende, 3, Lisboa

213540609

Fecha à sexta à noite e ao sábado

 

 

NO PRATO DO DIA

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Hoje, Domingo, 19 de Junho, eu e a Justa Nobre estamos no PRATO DO DIA, da CMTV com o Semear Sabor Colher Memórias.  E estamos muito bem acompanhadas por este grande jornalista por quem tenho enorme admiração, o Edgardo Pacheco. 

 

AS FRENCH TOAST

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Os americanos comem-nas ao pequeno-almoço, mas eu, como não gosto de doces logo de manhã, prefiro-as ao lanche. São uma espécie de rabanadas mais fáceis de fazer e menos pesadas porque não sofrem uma fritura profunda. ideais para lanchar enquanto se vê o jogo da tarde do EURO 2016. Ficam óptimas acompanhadas com frutos vermelhos ou com outra fruta a seu gosto.

Costumo fazê-las com pão de brioche da Erich Kayser, que não sendo um bom brioche faz umas óptimas French toasts (a forma de brioche custa 3 euros). leve-a inteira para casa, não deixe que fatiem.

 

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5 ovos grandes

125 ml de leite meio gordo ou gordo

125 ml de natas

1 colher de sopa de canela

1 colher de chá de essência de baunilha

1 pitada de sal

3 colheres de sopa de manteiga

3 colheres de sopa de óleo vegetal

 

 

1) Corte o brioche em 6/7 fatias com cerca de 1,5 cm (um dedo).

 

2) Numa tigela, bata os ovos com o leite, as natas, a essência de baunilha, a canela e o sal. deite esta mistura num tabuleiro, tipo pyrex.

 

3) Passe as fatias de pão na mistura (fria) como se fossem rabanadas, deixando ficar de molho durante 2 ou 3 minutos. Escorra-as bem.

 

4) Aqueça a manteiga e o óleo numa frigideira grande. Core as fatias de brioche durante cerca de 2 minutos de cada lado, ou até ficarem douradas. Vire-as e volte a corar. retire-as da frigideira e escorra-as em papel de cozinha ou numa grelha.

 

5) Sirva-as quentes com calda de ácer e café ou chá.

 

 

QUE ANO TÃO CHOCHO

SARDNHAS

 

Depois da enorme desilusão com as cerejas, mesmo as que há dois dias me foram trazidas do Fundão (meladas, aguadas, moles), hoje foi a vez das sardinhas.

Não gosto de comceçar a comer as sardinhas muito cedo, que elas estão boas é lá para Agosto ou Setembro. Porém, com os Santos Populares à porta há sempre a vontade de provar, em geral para confirmar que ainda é cedo para elas. 

Hoje fui almoçar ao Baiuka, no paredão de Cascais, e lá me tentei com elas. Uma dose anunciava-se a 9,95 euros, sem salada. Recebi então um aviso: «Como está cara a sardinha, a dose é só de 4». O tuga está por tudo. O ano passado a meia dúzia já era só de cinco. Este ano a meia dúzia é de 4. Em Alfama, parece que ronda os dois euros por unidade. Que ela está cara na lota, já sabemos. A nossa esperança é que possa aumentar o nosso quinhão de pesca para este ano. O melhor será guardarmo-nos para mais tarde, que ainda está seca e pouco saborosa. Na esperança de que em Agosto os pescadores não tenham esgotado ainda a nossa quota, claro.

 

Quanto às cerejas, pode ser que as mais tardias venham melhores. Também me vou guardar para Julho e resistir à tentação das espanholas. 

Caramba, que o ano está mesmo chocho.