Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Conversas à Mesa

ALENTEJO. COME E JOSÉ QUITÉRIO

IMG_1489.jpg

 

Em 2010, o Alentejo.Come chamava-se ainda Fialho, o apelido do casal seu proprietário, e foi visitado duas vezes na mesma semana pelo jornalista José Quitério, para a sua coluna semanal no Expresso. A visita só foi detectada quando, após a segunda refeição, o restaurante foi visitado pelo fotógrafo para a habitual imagem da coluna. Os seus efeitos fizeram-se mega-sentir no dia em que saiu a crítica: ainda não era meias dia, estava a D. Fernanda Fialho na cozinha a preparar o pão para as migas quando olha através da abertura da cozinha e da janela e vê uma fila de gente a olhar para dentro do restaurante. Chamado o marido a investigar, concluem que a bicha se estende pelo quarteirão fora. Tratava-se da habitual consequência das críticas favoráveis do José Quitério. Havia gente que só comprava o Expresso para ler a sua coluna e muitas eram as pessoas que escolhiam restaurante em função dela. Porém, José Quitério não foi apenas um crítico gastronómico que escreveu críticas isentas, confiáveis, com pilhéria e com cultura. Para mim, ele foi sobretudo o nosso grande estudioso da alimentação em Portugal. A sua profissão de arquivista no Século, deu-lhe o balanço para a investigação e aguçou o seu espírito extremamente organizado e a sua memória meticulosa. Num tempo em que não havia internet, e ainda hoje que a há, os seus arquivos em papel contêm verdadeiros tesouros que generosamente partilhou comigo por várias vezes. Os livros de crónicas que escreveu contêm informação preciosa, fornecida em linguagem deliciosa e com erudição qb. Infelizmente, os nossos cozinheiros e outros ligados à gastronomia raramente o leêm e nunca o homenagearam. Muito do que sabemos hoje acerca da história da nossa alimentação tem origem na investigação rigorosa de José Quitério.

Mas passemos ao Alentejo.come. Situado no Casal de S. Brás (Amadora), é uma casa pequena e sem grande decoração, salvo pelas lindíssimas colchas que ornamentam as paredes. Na pequena cozinha, a D. Fernanda, na sala o Sr. Fialho e o filho, tomam conta das mesas e confraternizam com a clientela, muita dela feita de habituais. O couvert é pão e azeitonas (1 € mais 0,75 €), estas tal como vieram ao mundo, a oferecerem a sua bondade natural. de entrada, tentadoras fatias de toucinho (4 €) a empilhar nas fatias de bom pão. Depois, uma saborosa e caldosa açorda de tomate com entrecosto bem fritinho (10 €) e umas migas também de tomate acompanhadas com carne do alguidar (12 €). Tudo bem feitinho, tudo muito saboroso, sem exagero de sal nem de alho. Para tirar a boca de lacaio, e rematar com fogo-de-artifício, recomendo os pastéis de mogango (3,50 €). Cada pratinho traz seis, mas não tenha veleidades de partilhar, porque vai mesmo querer comê-los todos. Depois das rabanadas, são os meus fritos favoritos de Nastal.

Enfim, tudo cozinha alentejana honesta e saborosa feita pela D. Fernanda.

Por encomenda, fazem Lebre com feijão e lombardo, Canja de pombo-bravo e Cozido de grão à Alentejana. Fica para a minha próxima.

José Quitério tinha, é claro, toda a razão ao recomendar este Alentejo.come que, na altura, ainda se chamava Fialho (o homónimo de Évora exigiu a mudança do nome).

 

IMG_1487.jpg

IMG_1488.jpg

 

IMG_1491.jpg

IMG_1495.JPG

Já aqui falta uma, mas não resisti a experimnetar ainda antes da foto...

 

Alentejo.com

R. Sebastião da Gama 1, Casal de S. Brás

2700-768 Amadora

Tel: 21 494 2899

 

 

POUCA SORTE NA TASQUINHA DO OLIVEIRA?

 

IMG_0007.JPG

 

 

De há uns tempo para cá, tenho tido experiências menos boas no Alentejo, sobretudo em Évora. A última foi na Tasquinha do Oliveira, onde, confesso, nunca esperei sair desiludida. Depois de muitos telefonemas sem resposta, conseguimos marcar mesa para o almoço neste pequeno restaurante com capacidade para pouco mais de uma dúzia de pessoas. Na sala, o marido, na cozinha, a mulher, uma combinação habitualmente triunfante.

À hora certa sentámo-nos os 3 à mesa, onde já se encontravam muitos pratinhos de entradas e petiscos. Como já lá estavam, há sempre o embaraço de mandar qualquer coisa embora quando há um que convida. Assim acabámos por ir comendo daqui e dali. A saber, fatias de paio, salgadadíssimas, assim como o queijo de ovelha, um cru de bacalhau com azeite e pimenta-rosa (agradável), ovos verdes (bons), costeletas de borrego (belissimamente panadas), pataniscas (oleosas e com demasiada renda de polme frito nas bordas), casquinha de sapateira (bem) e uma empada de perdiz (regular). Em seguida, vieram 3 pratos principais, um por cabeça, a saber: Entrecosto com migas – os troços de carne de porco nada estaladiços, com o interior da carne rosado a vermelho, o que não é indicado, sobretudo neste tipo de confecção do porco. As migas estavam saborosas. Foi uma desilusão.

Bacalhau com alcaparras – cumpriu a sua missão.

Arroz de línguas – estavam estas salgadíssimas; o arroz escorredio, como manda a lei.

De sobremesa, uma desinteressante encharcada, com o ponto de açúcar muito aguado. A sopa dourada, essa estava superior.

Beberam-se duas garrafas de vinho que importaram em 60 euros e a conta que veio para mesa alcançou os 280 euros, francamente caro, mesmo tendo em conta a quantidade de entradas, sobretudo porque a comida não estava à altura desses números. Tive pena que uma casa onde sempre se comeu bem e onde nós entraos habitualmente com grandes exectativas apresentasse uma refeição que desiludiu os três comensais.

 

 

IMG_0008.JPG

 

 

IMG_0004.JPG

 

IMG_0005.JPG

 

IMG_0009.JPG

 

 

IMG_0006.JPG

 

IMG_0011.JPG

 

 

IMG_0013.JPG

IMG_0014.JPG

 

 

IMG_0015.JPG

IMG_0016.JPG