SOUL GARDEN, O OÁSIS
O Soul Garden é um oásis no meio da cidade. Entre a Columbano Bordalo Pinheiro e a José Malhoa, o Corinthia Hotel abriga um verdadeiro jardim tropical que nos envolve e faz esquecer que estamos no meio de grandes arranha-céus no coração de um bairro de escritórios e hotéis. Hoje venho falar-vos deste óasis que adorei e que vos remendo vivamente.
Há restaurantes que cumprem as regras de distanciamento social e alguns que lhes escapam. Como é evidente, a maioria das pessoas, onde eu me incluo, sentem-se bem mais confortáveis em espaços onde não tenham demasiada proximidade com os vizinhos do lado. O Soul Garden é ideal para esta época em que queremos alguma privacidade. O ideal será reservar uma das 3 ilhas que flutuam sobre pequenos lagos estruturando-se em bungalows de ripas de madeira. Ao fundo, o enorme bar de onde saem óptimos cocktails e o balcão do DJ de serviço (achei a música um bocado alta demais).
A vegetação está por todo o lado com a sua frescura e mil tons de verde, criando recantos e servindo de inspiração aos toques extremo-orientais da cozinha do chef Miguel Teixeira. Gostei imenso de tudo o que comi. A mistura de elementos portugueses com os orientais funciona perfeitamente e com muito equilíbrio. Tudo tinha o seu sabor legítimo e os temperos serviam de complemento sem nunca retirar o protagonismo aos ingredientes principais.
Estas duas fotos foram retiradas do site do restaurante, por isso ficaram tão pequenas, mas não tirei nenhumas e queria mostrar a vegetação e a tal ilha onde fiquei. Quando reservarem mesa, peçam para uma das 3 ilhas.
A ementa tem vários pratos ideias para partilhar, mas com bom tamanho, suficiente para 2 ou 3 pessoas conseguirem comer. Não me agrada nada aqueles pratinhos minúsculos que dizem ser para partilhar e quase nem dão para uma pessoa.
Fui ao Soul Garden com mais 3 amigos e comemos muito bem (demais acho eu) o seguinte, e eu recomendo tudo:
Ceviche de dourada com aji amarillo – com a acidez no plano desejado
Gambas em panko e amêndoa – as gambas grandes e super estaladiças
Tataki de atum com batata-doce– o atum em óptimo ponto de confecção
Gyozas de frango e legumes
Bife maturado com cogumelos e salada – óptima carne já fatiada e uma salada com o melhor tempero que já comi
Cascas de batata com molho aioli – eu não gosto de cascas, mas adorei estas porque estavam soufflés (pré-cozedura e 3 frituras)
Cheesecake, sorvete de morango e salada de frutos vermelhos – o cheesecake cozido (new York style) é o único que pode ter este nome e estava fantástico.
Não consigo falar de cheesecake sem me lembrar de uma vergonha que passei em Nova Iorque, aqui há uns 30 anos no Lindy’s, ao lado do radio City Hall. Tinha eu lá ido comer um burger seguido do mais famoso cheesecake da cidade. Veio a conta e deixei cerca de 10% de gorjeta, o que para nós portugueses já era imenso (sempre fomos muito exíguos com as gratificações e continuamos a sê-lo). Só que na altura o considerado correcto tinha mudado para os 12% e quando estou a caminhar para a saída oiço uns gritos que só as americanas sabem dar: era a empregada, uma daquelas senhoras de idade indefinida mas muita e unhas compridíssimas cor de rosa tão típica dos diners, a reclamar os restantes 2%. Ia morrendo de vergonha...Aí passei a estar sempre 2% adiantada em relação ao habitual, não vá o diabo tecê-las.