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Conversas à Mesa

2021 COM ABRAÇOS E REFEIÇÔES EM COMUM

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Para muitos de nós foi um annus horribilis. Para todos aqueles que estiveram doentes e não conseguiram vencer o vírus. Para todos aqueles que o venceram, mas com muita dor. Para os que trabalham em sectores ligados ao turismo, nomeadamente à hotelaria e restauração. Economicamente, o ano foi um desastre. Um desastre do qual será difícil recuperar, ainda que 2021 venha a ser um annus mirabilis, um ano de maravilhas inesperadas.

Para mim, e para muitos, também foi um ano de aprendizagens. Novos caminhos puderam ser percorridos, abrindo novas perspectivas para o futuro e espevitando a nossa resiliência. A restauração inventou-se e recriou-se com a opção do take away, que permitiu a muitos manter-se à tona de água.

Eu aprendi o valor de uma refeição tomada fora de casa. Do esforço que é necessário para pôr comida na mesa do cliente. E apercebi-me do tesouro que é fazer uma refeição, em casa no restaurante, com os outros, família ou amigos. Como é importante partilhar a comida. Como é nutritiva a companhia de outros, a amizade e o amor que transformam a comida em alimento do corpo e da alma.

Fui apanhada fora do país, numa longa viagem à Austrália e Nova Zelândia, quando foi decretado o estado de emergência. Lembro-me da minha ânsia de voltar a casa, de enfrentar esta pandemia rodeada dos meus, dos nossos.

Cada um de nós aprendeu nesta pandemia. O que eu desejo para todos nós é que não esqueçamos nunca os ensinamentos que esta nos permitiu adquirir.

Que 2021 seja o ano em que nos veremos livres da pandemia, deste vírus que destruiu o tecido da nossa sociedade. Possam estes tempos aproximar-nos de uma forma mais livre e espontânea, a fim de valorizarmos o que temos e a nos livrarmos do consumismo supérfluo.

Melhor ano de 2021 para todos os que estão ligados a mim através da minha escrita, para todos os que estamos emocionalmente ligados pelo valor de uma refeição. E para aqueles que desejam ansiosamente poder voltar a abraçar os outros.

Fátima Moura

O BELO PEIXE ASSADO

É uma das minhas formas favoritas de cozinhar um peixe inteiro, mas obriga a alguns cuidados para que nunca passe demais. cozinhar demasiado qulauqer peixe, é a pior maldade que se lhe pode fazer. Bom, é a pior maldade que podemos fazer a nós mesmos, que o iremos comer. lamentavelmente, cada vez se cozinha menos nos restaurantes. 

Esta mistura de legumes dá um resultado incrível, mas pode prescindir das alcachofras e do funcho. por outro lado, pode fazer a base dos legumes e usar peixe cortado às postas, mas reduza substancialmente o tempo de cozedura.

 

 

PEIXE ASSADO NO FORNO

 

4 pessoas

 

1 peixe magro inteiro (imperador, pargo, garoupa, cantaril, robalo) com cerca de 1,5/1,7 kg, amanhado

sal marinho

2 alcachofras, aparadas

3 cebolas, em rodelas finas

1 bolbo de funcho pequeno, cortado ao meio

400 g de tomate maduro, em rodelas

2 dentes de alho, descascados e cortados ao meio

8 batatas, descascadas e cortadas em cubos

2 dl de azeite

1 ramo de salsa

2 dl de vinho branco

1 pitada de colorau

 

Temperar o peixe de sal e reservar cerca de 1 hora. Aquecer o forno a 180ºC.

Num tacho, cozer levemente as alcachofras com sal e um fio de azeite durante cerca de 15 minutos. Cortá-las ao meio na vertical.

Numa assadeira, colocar a cebola em rodelas, as metades do bolbo de funcho, o tomate em rodelas e o alho. Espalhar as batatas em cubos, deixando uma zona livre no meio para o peixe. Regar com metade do azeite e temperar com sal.

 

Levar ao forno durante 10 minutos. Retirar do forno e colocar um ramo de salsa no sítio onde irá ficar o peixe. Colocar o peixe e regar com o resto do azeite. Colocar também as quatro metades de alcachofra. Salpicar as batatinhas com colorau.

Reduzir a temperatura para 160ºC. Levar mais dez minutos ao forno. Regar com metade do vinho branco e levar mais 15 minutos ao forno, se gosta do peixe pouco passado. Entretanto, regar regularmente com um pouco de vinho.

Se o peixe estiver a secar, baixar a temperatura do forno ou cobrir com papel de alumínio, sem apertar.

 

FOTOS DE MÁRIO CERDEIRA. DO LIVRO DO MAR OCEANO AO MAR ORTUGUÊS, EDIÇÃO CTT