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Conversas à Mesa

O QUIOSQUE DA RELVA

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Foi uma das minhas primeiras esplanadas pós segundo confinamento da “escuridão pandémica” (assim é citada pela Câmara Municipal de Cascais num folheto que recebi). E foi uma experiência muito agradável.

Chama-se Quiosque da Relva, a justificar o nome o imenso relvado que se estende na sua frente até alcançar a lindíssima ribeira de Sor. Fui lá almoçar num dia da jornada de trabalho que me levou até ao Alto Alentejo. Esta é uma região lindíssima que faz a transição para o Ribatejo, com montado e cavalos lusitanos, desportos radicais e encantadores turismos rurais. É muito perto de Lisboa, justificando uma visita que, dada a proximidade, pode ser de fim-de-semana, se não houver mais tempo disponível

 

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O Quiosque da Relva abriu há pouco, uma aventura de um chef ainda jovem, o António Prates, com formação na Hoteleira do Estoril e já uma boa experiência restaurativa na zona de Lisboa. Nascido e criado em Ponte de Sor, teve sempre o sonho de regressar ás origens. O sonho materializou-se no Quiosque, que é propriedade sua. É gratificante ver os cozinheiros arriscarem em negócios próprios, ainda mais no interior que tanto precisa de gente qualificada e disposta a arriscar.

Optei por escolher para o almoço uma série de petiscos, todos eles bem confecionados. Gostei muito dos ovos rotos, dos cogumelos e da batata doce frita finamente cortada e em várias cores. Das sobremesas, destaco os brownies, de textura e cozeduras perfeitas, com a amêndoa a fornecer o crocante a contraponto da deliciosa textura húmida. Bom sabor a chocolate. Deliciei-me também com o pudim de abóbora, um doce invulgar que recomendo vivamente.

A esplanada é muito confortável e bem situada, o serviço muito simpático.

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Ovos rotos: batata frita bem estaladiça, ovos no ponto de cozedura exacto.

 

 

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Sabores intensos, sem puxar demasiado ao alho, obrigada...

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Queijinho do Monte da Vinha, sempre agradável, acomapnhado com um puré de abóbora.

 

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Batata doce de duas cores bem frita, espessura ideal. Viciante.

 

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Os maravilhosos brownies

 

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A queijada à fatia.

 

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Entre o bolo e o pudim, a abóbora. A não perder.

 

 

 

QUIOSQUE DA RELVA

Av. Marginal

7400-224 Ponte de Sor

Tel:  242 094 694

 

 

ALBERT ADRIÀ FECHA EL BARRI

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Fechou defintitivamente o El Barri (o Bairro del Paralell, em Barcelona), o conjunto de restaurantes de Albert Adriá a que este empresário e chef chamava o playground gastronómico da cidade (e que Avillez replicou em Lisboa, quer na proximidade dos restaurantes quer através do conceio do Bairro). As dívidas ascendiam a 7,5 milhões de euros. O Pakta (nikkei), o Hoja Santa (mexicano), o Tickets (contemporâneo de tapas), a Bodega 1900 (mais tradicional, queijos, enchidos, vinhos etc) fecharam, para não voltarem a abrir. Todos eles eram pertença de uma sociedade entre Albert Adrià e os hermanos Iglesias, do Grupiglesias. O mais velho destes irmãos Iglesias até escreveu um romance durante esta crise, que em entrevista ao jornal La Vanguardia classifica como “colapso descomunal”. Apenas ficou aberto o Enigma, com uma estrela Michelin, propriedade apenas de Adrià.

Este tipo de restaurantes, como há muitos por todo o mundo, dedicam-se apenas a servir turistas. Quando estes escasseiam ou desaparecem mesmo durante dois anos seguidos, o negócio fica muito feio.

Quando esta crise pandémica passar, é provável que o turista já não venha à procura deste tipo de restaurantes, mas sim de uma cozinha mais autêntica, mais tradicional. E que, por outro lado, surja um novo movimento na cozinha contemporânea, uma nova criatividade sem raízes tão fundas no molecular. Não se me põe dúvidas de que a proteína animal será cada vez mais rara, porque temos de despertar para os problemas dos oceanos, para as crises das vacas. O desafio passará certamente por, mantendo a matriz tradicional, fazer uma cozinha com menos proteína animal. Todas as crises podem trazer alguns benefícios.