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Conversas à Mesa

O BOLO DE ANANÁS DA MARIA DE LOURDES MODESTO

 

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Já chegou o Outono. Já apetece acender o forno e fazer um bolo que mos acompanhe durante um filme, enquanto ouvimo bater a chuva lá fora. 

Esta receita de bolo de ananás é de um livro que tenho desde a minha infância e que não está no melhor estado devido a muito uso. Assim que comecei a ler, adorava seguir-lhe as receitas.  Os meus favoritos eram as bolachas espelho de manteiga e este bolo de ananás. Este livrinho foi editado pela Lever, a multinacional americana responsável pela venda da margarina Vaqueiro e tem o  prefácio assinado com o nome Francine Dupré, nada mais nada menos do que Maria de Lourdes Modesto, que trabalhou muitos anos para a Lever e na campanha da Vaqueiro. A receita original  de O Meu Livro de Pastelaria leva, claro, margarina. Não há problema, substitui-se por igual quantidade de manteiga que, juntamente com o caramelo que penetra na camada exterior do bolo, lhe empresta um sabor muito especial.

 

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Este bolo que fiz em casa só tem dois terços da receita. 

 

 

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BOLO DE ANANÁS

 

Para o caramelo

250 g de açúcar

1 colher de sobremesa de sumo de limão

Manteiga para untar

 

Para a massa

 

200 g de açúcar

200 g de manteiga à temperatura ambiente

300 g de farinha

4 ovos grandes

1 colher de sobremesa de fermento em pó

2 dl de leite

1/2 ananás (ou abacaxi) cortado em rodelas e sem o centro

 

  • Comece pelo caramelo. Coloque o açúcar num tacho e leve ao lume até ficar castanho-dourado. Fora do lume, junte o sumo de limão. Forre uma forma de buraco com o caramelo. Quando tiver arrefecido completamente, unte toda a forma, incluindo o caramelo, com manteiga.
  • Coloque as rodelas de ananás a forrar toda a forma (incluindo o fundo).
  • Pré-aqueça o forno a 180ºC.
  • Bata o açúcar com a manteiga até ficar cremoso. Junte os ovos, um de cada vez, batendo sempre.
  • Peneire a farinha com o fermento. Junte alternadamente com o leite à massa do bolo.
  • Deite a massa na forma e bata com a forma numa bancada forrada com um pano da loiça, para uniformizar a massa. Leve ao forno durante 30 a 40 minutos. Verifique a cozedura com um palito.
  • Deixe arrefecer ligeiramente (não se deve esperar muito para o caramelo não solidificar e pegar irremediavelmente à forma, mas também não se pode retirar o bolo muito quente sob o risco de abrir) e desenforme.

 

 

Ó BALCÃO EM SANTARÉM

 

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O nome Taberna, do original Taberna Ó Balcão, tem vindo a desaparecer nas referências a este restaurante. Não se trata apenas de uma questão formal, acho eu, mas de uma mudança de conceito por parte do chef e proprietário do restaurante, Rodrigo Castelo. A última refeição que lá fiz foi um menu de degustação muito completo sempre com o pano de fundo do Ribatejo. Mudaram as cadeiras e os bancos, trocadas por assentos bem mais confortáveis, e a cozinha local é apresentada em pequenas amostras criativas e esteticamente bem apresentadas com a ajuda de novas loiças. Mas também há lugar aos pratos mais tradicionais, em que Rodrigo Castelo sempre foi mestre.

Por isso, mesmo que pense que já conhece o Ó Balcão venha novamente para apreciar as diferenças. Vai gostar.

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Estas camarinhas (foto de capa), o camarão do Tejo são deliciosas e viciantes. o pão feito in loco é muito bom.

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O Ribatejo em fine dining, finger food e outros termos anglo-saxónicos que substituíram o francês da alta cozinha. Sabores do rio e da campina. Rodrigo castelo tem a arte de intensificar o sabor do rio para se aproximar do mar. Na foto acima, Coscorão do Rio até ao mar (açorda de alho e conetros, maionese de alho negro  peixe rei)  e bucha de capado (o bode) com maionese fumada, picle de cebola roxa, abóbora e escabeche de coelho. A maravilhosa trufa de foie (fígado de galinha pedrês), avelã e caramelo de abafado.

 

 

BBF8BBE2-284F-47C9-A395-D50759CD4015.JPGBeringela grelhada com tomate e molho fermentado de cogumelos

 

 

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Sopa de peixe do rio com ovas de barbo: incrível

 

 

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Arroz cremoso de caranguejo e lagostim com pistácio

 

Em matéria de sobremesas, não deixe experimentar o Nem Tudo É Limão, o Pudim de Abafadocom Creme de Lúcia-Lima.

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Fotografia retirada do FB do restaurante. Tive de sair da mesa por breves instantes e quando regressei os meus companheiros refeiçoários já tinham estraçalhado quase tudo. 

 

Ó Balcão

Rua Pedro de Santarém n.°73, 2000-223 Santarém

Tel: 918 252 808

Fecha ao domingo

 

 

 

A BOLA DE BERLIM CASA COM O PUDIM DO ABADE

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Esta é a bola de Berlim perfeita. Como tudo o que sai das mãos de Miguel Oliveira tem génio e rigor, sabor e técnica apurada, muita investigação e consistência. A massa em si é perfeita: respeita o tempo necessário para que levede calmamente, com todo o tempo necessário. O que acontece com as bolas feitas com misturas industriais que reduzem ou cortam o tempo de levedação é que acabam por levedar no nosso estômago…a consistência é a desejada, macia mas sem acachapar à primeira dentada. Os óleos da fritura são impecáveis e não pesam sobre a bola. Fazem o seu trabalho mas não deixam rasto. Até a quantidade de açúcar da periferia é a desejável.

Além de nos oferecer a bola perfeita, Miguel Oliveira dá-nos o extraordinário recheio de creme de pudim abade de priscos. É introduzido no centro, deixando uma pequena amostra na parte de cima que irresistivelmente é a primeira coisa a saborear. O subtil perfume do vinho do porto faz-se logo sentir.
É provavelmente a melhor bola de berlim do mundo.
 
 
Se ficaram com vontade de provar, basta irem a Campo de Ourique, a R. 4 de Infantaria 75, mas liguem a perguntar se ainda há…



 

CHOCOLATE DA ROÇA

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A Diogo Vaz era uma das roças pertencentes ao megagrupo Sociedade Agrícola Valle-Flôr, cujo proprietário habitava o actual Palácio Valle-Flôr, hoje propriedade do grupo Pestana e transformado em hotel. Situada no Nordeste da ilha de S. Tomé , tinha uma dimensão importante, com os seus mais de 420 hectares. Nasceu em 1880, na crista da onda do ciclo santomense do cacau. Cerca de trinta anos depois, Portugal, através da colónia de S. Tomé, a chamada Ilha do Cacau, tornava-se o maior produtor mundial de cacau, considerado de grande qualidade, fino. A grande maior parte da produção baseava-se na cultivar Amelonado, classificada no grupo dos Forastero e vinda do Brasil. Os Espanhóis chamaram Forastero a estas variedades por serem forasteiras, isto é, não nativas da parte da América do Sul por eles colonizada, onde a variedade predominante era, e é, o Criollo.

 

Hoje, após um quase total abandono do cultivo do cacaueiro, o arquipélago começa a despertar para se tornar novamente símbolo do cacau de qualidade. O pioneiro foi Claudio Corallo, com uma roça na ilha do Príncipe e um atelier/fábrica na cidade de S. Tomé. Outros se lhe seguiram. Em 2014, um francês remodelou completamente a roça Diogo Vaz. Em 2016, o chocolate da Diogo Vaz ganhou o prémio de Melhor Tablete do Mundo no Salon du Chocolat, em Paris, pela mão de Olivier Casenave, chocolatier francês e director técnico da empresa. Em 2018, ingressou no prestigiado Culinary College of France.

A Diogo Vaz tem loja em Mont Marsan, de onde era originário o proprietário, em S. Tomé e em Lisboa, embora esta última esteja encerrada temporariamente.

O cacau da Diogo Vaz é biológico e de grande qualidade. Eu gostei especialmente desta tablete de Amelonado Bio, de sabor complexo mas suave, com 55% de cacau. Se quiserem experimentar, pode encomendar na loja do site: https://www.diogovaz.pt/shop

 

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