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Conversas à Mesa

FOOD TRUCKS NO TEXAS 1

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Comida de food trucks é forte no Texas, e uma das coisas que vinha com vontade de experimentar. Vou contar-vos as minhas duas experiências em dois posts diferentes.

A primeira foi em Tomball, uma pequena localidade perto de Houston onde se realiza aos sábados uma feira de agricultores, com produtos frescos e comida feita, como tartes para levar para casa e por no forno, empanadas já feitas, carne de gado vacum e ovino local, misturas de frutos secos, etc. A vila tem também as características lojas de velharias, onde até descobri uma chávena em loiça da Pousada de Santa Maria em Queluz.

 

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Perto do mercado há uma zona de food trucks, uns cinco ou seis, dispostos em círculo como as antigas carroças do Faroeste. No meio, um pequeno parque com mesas e cadeiras e um restaurante onde servem as bebidas. Sentei-me na esplanada do restaurante e quando a comida que escolhi nos food trucks ficou pronta, vieram trazer à esplanada. O restaurante é uma espécie de cabana, com casas de banho incrivelmente limpas e pessoal super simpático.

 

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Há sempre cervejas locais, como esta anunciada na parede do restaurante.

 

Depois de inspecionar detalhadamente todos os food trucks, escolhemos uma arepa (de batata, uma espécie de tortilha mais alta) que funciona como pão e acolhe o recheio de frango, queso e salada de alface) e uma quesadilla de carne de vaca e queijo. Comida Tex mex, sempre com molhos e queijo. Ambas eram saborosas e muito frescas, acabadas de fazer e com bons ingredientes. Doses generosas cujos restos ainda foram trazidos para casa em doggy bag.

 

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Arepa com frango, queijo e alface

 

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Quesadillas de frango, queijo e guacamole

 

 

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O apetite não chegou para experimentar o bolo Tres Leches e os alfajores de um outro food truck. Leite condensado é comida de conforto...

No próximo post, continuo a saga dos food trucks.

 

A GRANDE MISTURADA

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Quando eu era pequena, adorava uns livros divididos horizontalmente em 3 partes. A parte de cima era a cabeça, a do meio, o tronco e a de baixo, as pernas da boneca. Cada página representava uma boneca vestida com o traje típico de um certo país. A ideia era baralhar tudo, e aí aparecia uma boneca com um sombrero mexicano, o corpo num sari indiano e as pernas com umas calças de cowboy dos EUA. E aí por diante, de nonsense em nonsense. Hoje em dia, qualquer prato parece a boneca do livro. Se em Portugal a cozinha de fusão já é uma coisa, nos EUA parece-me demasiado. A proteína é sempre a mesma, sobretudo frango, alguma vaca e camarão. Depois, uma pantagruélica quantidade de especiarias e ervas aromáticas juntam-se numa misturada que não leva a lado nenhum, sempre liderados pelo sabor picante. Este pode vir das dezenas de malaguetas, da sriracha, do Tabasco, ou dos milhares de molhos picantes á venda, mas o que é certo é que praticamente tudo o que se come leva algum picante. Depois, temos a gordura, geralmente representada por vários tipos e grandes quantidades de queijo e de molhos. O que varia é o hidrato de carbono: tortilhas, de trigo ou milho, parathas, pão, brioche, papas de milho, batatas fritas, ou alfaces.

 

A quantidade de especiarias de diferentes origens todas misturadas é monumental. Muitas vezes no sabor final umas anulam as outras e só sobressai o picante excessivo que obnubila tudo o resto. É curioso ver como as fronteiras na cozinha estão a ser anuladas. A procura por comida étnica pura atenua-se, substituída por outros critérios, como vegetariana, vegana ou local. Este movimento é muito visível aqui nos EUA, sobretudo nos food trucks, em que o mexicano está misturado com o indiano ou asiático ou americano.

Talvez possamos perguntar se devemos continuar a defender o purismo na nossa cozinha nacional, e podemos. Mas conservar as receitas tradicionais não implica que não possamos misturá-las, pegar nos nossos ingredientes e nos nossos temperos e fazer uma cozinha mais actual. Não temos que forçar, só porque está na moda. Ainda me lembro de ir ao Bairro do Avillez logo de início e ler a ementa: era como se houvessem duas colunas, a da esquerda com os nossos pratos tradicionais, a da direita com os ingredientes da moda na altura, a invasão das malaguetas, as algas, as limas, o kimchi. Depois, o jogo era cruzar a coluna da esquerda com a da direita. Há pratos que não precisam, outros podem ser melhorados. Haja bom senso e, sobretudo, muita criatividade para evitar o nonsense da boneca do chapéu mexicano que, de todo, não combina com aquele sari. Porque eu já provei e gostei da fusão Tex mex com Índia. (FOTO DE CAPA, TIKKA NACHOS, DO FOOD TRUCK MYSTIKA MASALA). 

COMER O MÉXICO NO TEXAS

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Cá estou novamente a reportar do Texas, Houston, onde está uma vaga de frio pouco vulgar. Hoje de noite vão estar negativos e a região não esta preparada para estes frios. Ontem caiu uma boa chuvada tropical com raios e coriscos e a temperatura baixou bastante. Não o suficiente para nos fazer desistir de ir jantar fora. O Texas é uma região onde o espaço não falta, por isso o comércio concentra-se não só em centros comerciais espalhados pelos vários bairros, mas sobretudo nas plazas, grandes áreas onde se concentram os precisos, como lavandarias e os omnipresentes nails salons (aqui os cabeleireiros não arranjam mãos, só cabelos), mas também restaurantes de bairro. Foi um desses, o Uli’s Kitchen que escolhemos. É um mexicano mais fiel á cozinha mexicana do que a maior parte dos que aqui se encontram praticando uma cozinha de fusão entre o Texas e o méxico, o Tex Mex. Há imensas cadeias de Tacos, que os americanos adoram encher de todas as variedades de queijo e de frango. O Uli tem uns totopos (tortillas de milho  cortadas em triângulos e torradas , uma espécie de tortilla chips caseiros) com duas salsas, uma, bem picante e vermelha, outra, verde menos picante. Para entrada, Aguachile de Atum Ahi (um atum de pequenas dimensões e carne rosada). O aguachile é uma espécie de ceviche, típico da região de Sinaloa, no México; ao contrário do ceviche, que é marinado durante algum tempo, o aguachile é misturado com a marinada e servido de imediato. Esta marinada tem água que torna o preparado mais líquido. O atum vem cru, por não ter sido marinado no sumo de lima e tem um sabor mais verdadeiro. Costuma também ser menos picantes pelo tipo de chiles (malaguetas) usados. Trazia abacate em fatias e sementes de sésamo pretas e o atum era muito bom, com o tom bem rosado do ahi. Os tacos eram de carne de vaca, queijo Chihuahua, abacate, chicharrones (torresmos) e tortilhas de milho. (foto de capa)

 

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As Tostadas de Tinga têm por base uma torilha de milho tostada, galinha desfiada e cozinhada em molho de tomate e chipotle (malaguetas jalapeño secas e fumadas). Por cima queso fresco e sour cream (natas ácidas). A característica principal do tinga é precisamente o sabor fumado do chipotle.

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Para tirar a boca de lacaio, um favorito meu, o bolo três leches (sendo os três leites o dulce de leche, o evaporado e as natas). Leve, fresco e irresistível.

 

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Foi uma refeição cheia de sabores diferentes que adorei, com as indispensáveis margaritas. Total da refeição: $69,28. 

BACK IN THE USA

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Em boa hora saí de casa para uma viagem que já não fazia desde a Covid. Depois do susto que apanhei para regressar da Austrália faz em Março dois anos, andava a protelar esta viagem até que uma segunda feira tomei a decisão de tratar de tudo para partir no domingo seguinte. E assim foi. ESTA tratado (um formulário obrigatório para entrar nos EUA onde nos perguntam tudo e mais alguma coisa), bilhetes comprados para Houston, Texas, com escala em Nova Iorque, teste Covid marcado para 24 horas antes. Apresentei-me no aeroporto com duas horas e meia de antecedência e foi tudo pacífico. Em Nova Iorque, tive uma escala de cerca de 5 horas, que até foi divertida porque a minha atitude em relação às viagens tinha mudado. Mesmo a horinha que passei a andar à roda naquelas filas inetrmináveis para a segurança, com o vixinho de trás tão perto do meu pescoço que lhe sentia o hálito, foi divertida porque dá para ver as mesmas pessoas várias vezes quando nos vamos cruzando uma e outra e outra vez. Pessoas que não estou habituada a ver, de todos os cantos do mundo. quando entrei no avião para Houston eram quase 3 da manhã de Lisboa e estava tão cansada que nem me importei com mais duas horas de atraso devidas ao deicing das asas do avião porque lá fora nevava muito e estava um frio de cão. Avião quase vazio, com lugar para esticar as pernas e tudo. 

Aqui por Houston está um frio pouco habitual, com temperaturas de 3 graus de manhã e até tempestades tropicais com raios e coriscos. Frio para andar na rua, mas por aqui ninguém anda a pé. Nem sequer há passeios. nã estou mesmo em Houston, mas numa localidade a norte da cidade, a quarta maior dos EUA, em casa de uma amiga de infância, o que torna a estadia completamente diferente. Ontem fiz eu o jantar da família: carne de porco com amêijoas. As amêijoas não têm nada a ver com as nossas, são enormes com conchas muito grossas e demoram muito mais tempo a abrir. Mas a coisa resultou, até havia coentros frescos ja picados em caixinhas de plástico. Adoraram. De Portugal tinha levado pastéis de nata   sempre muito apreciados apesar de terem origem no aeroporto e idade indiscriminada. 

O primeiro brunch, a servir como o próprio nome indica de pequeno-almoo e almoço, foi no IHOP, A International House of Pancakes, onde gosto de ir tanto pelas óptimas e fofas panquecas (buttermilk) como também para apreciar os meus colegas de refeição, sempre com os mais variados e exóticos aspectos. Desta vez, havia até um prato de quantidade reduzida para os mais de 55 anos. achei o máximo porque uma panqueca, um ovo estrelado, uma salsicha e um pedaço de bacon são mais do que suficientes. O café do IHOP é óptimo e fica tudo em menos de 7 euros. Outra indicação simpática é a do total das calorias do prato. Hoje ficamos por aqui. Amanhã conto-vos o jantar que vou fazer num restaurante mexicano verdadeiro, nada de tex mex. Até lá.

 

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