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Conversas à Mesa

O NAPERON DO HUGO NASCIMENTO

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O Hugo Nascimento trabalhou anos e anos com o Vítor Sobral, nas várias esquinas. Sempre gostei da cozinha dele e dele mesmo. Seis meses antes da pandemia, o Hugo resolveu sair da cidade e estabelecer-se em Odeceixe, numa sociedade com o proprietário das Casas do Moinho, um alojamento local. Ele costumava passar férias por ali e sentia-se lá tão bem que resolveu deixar a cidade e criar os filhos pequenos numa das localidades mais setentrionais do Algarve. Sobreviveu a pandemia a virar frangos, porque tinha sociedade noutro restaurante de churrascos, um pouco mais acima na mesma rua.

 

 

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A vista da minha mesa.



Só anteontem consegui lá ir. Como só serve jantares, havia que ficar a dormir por ali, nem pensar em regressar a Lisboa às tantas da noite. Assim fiz, estiquei uma vinda do Algarve e fiz um stopover em Odeceixe, numa pequena residencial com vista para os campos de milho que bordejam a vila. Consultado o GPS, o restaurante ficava a cerca de 500 metros do meu quarto. Coisa para ir a pé claro. Bom, a pé fui, mas o caminho tinha mais de 10% de inclinação, era sempre, sempre a subir. Cheguei lá esbofiada, e o Hugo tratou logo de me instalar e fornecer águas frescas.

O espaço do restaurante é muito agradável e informal. Fiquei numa mesa alta e bancos com uma bela e desafogada vista para a piscina infinita e para o skyline de Odeceixe, incluindo o célebre moinho. Às sete e meia da noite, o Naperon, com os seus cerca de 30 lugares, já estava quase cheio de estrangeiros (vêm para as caminhadas, o ciclismo e o surf) e de portugueses. Há também uma grande mesa comunitária e tudo respira calma. A cozinha revelou-se calma e informal como o espaço. É a comida do Hugo, como se tivéssemos ido a casa dele e comêssemos com ele. Uma refeição com pormenores estéticos de fine dining e sabores que do dia-a-dia que reconhecemos de imediato e nos confortam, em combinações inesperadas.

O Hugo Nascimento trabalhou anos e anos com o Vítor Sobral, nas várias esquinas. Sempre gostei da cozinha dele e dele mesmo. Seis meses antes da pandemia, o Hugo resolveu sair da cidade e estabelecer-se em Odeceixe, numa sociedade com o proprietário das Casas do Moinho, um alojamento local. Ele costumava passar férias por ali e sentia-se lá tão bem que resolveu deixar a cidade e criar os filhos pequenos numa das localidades mais setentrionais do Algarve. Sobreviveu a pandemia a virar frangos, porque tinha sociedade noutro restaurante de churrascos, um pouco mais acima na mesma rua.

Desde logo decidi que o iria visitar, perceber o que andava ele a fazer no seu primeiro restaurante. Só anteontem consegui lá ir. Como só serve jantares, havia que ficar a dormir por ali, nem pensar em regressar a Lisboa às tantas da noite. Assim fiz, estiquei uma vinda do Algarve e fiz um stopover em Odeceixe, numa pequena residencial com vista para os campos de milho que bordejam a vila. Consultado o GPS, o restaurante ficava a cerca de 500 metros do meu quarto. Coisa para ir a pé claro. Bom, a pé fui, mas o caminho tinha mais de 10% de inclinação, era sempre, sempre a subir. Cheguei lá esbofiada, e o Hugo tratou logo de me instalar e fornecer águas frescas.

O espaço do restaurante é muito agradável e informal. Fiquei numa mesa alta e bancos com uma bela e desafogada vista para a piscina infinita e para o skyline de Odeceixe, incluindo o célebre moinho. Às sete e meia da noite, o Naperon, com os seus cerca de 30 lugares, já estava quase cheio de estrangeiros (vêm para as caminhadas, o ciclismo e o surf) e de portugueses. Há também uma grande mesa comunitária e tudo respira calma. A cozinha revelou-se calma e informal como o espaço. É a comida do Hugo, como se tivéssemos ido a casa dele e comêssemos com ele. Uma refeição com pormenores estéticos de fine dining e sabores que do dia-a-dia que reconhecemos de imediato e nos confortam, em combinações inesperadas.

Há dois menus, um mais curto (50 euros) outro mais longo (75 euros). Optei pelo mais curto, mas no fim pedi a sobremesa que não estava incluída. São quatro momentos. Começa-se com um leque de amuse bouche substanciais e de sabores e texturas variados. Abri com a espuma de alho-francês selvagem, a saber a vichysoisse, mas com uma textura de nuvem. Depois, o folhado com tártaro de novilho. Os rolinhos de couve encerravam uma fresquíssima salada de pepino. Os mini pães-de-deus com perdiz uma combinação fantástica com o doce da cobertura a contrastar com o avinagrado da perdiz. Encerrei esta etapa com os ovos de perdiz envolvidos em enchidos do Rogil (aqui mesmo ao lado), a lembrarem os scottish eggs. Esta sequência de mini itens de sabores frescos alternando com os intensos foi um prazer para a boca.

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À frente: espuma de alh-francês selavegm, folhados de tártaro de novilho. Foto de capa, pão-de-deus com perdiz e salada de pepino; à dta, ovos de codorniz com enchidos do Rogil.

 

 

O segundo momento traz-nos o pão de alfarroba em fatias grossas onde espalho o pâté de porco com picles desidratados, a manteiga de amendoim (com a forma dos amendoins) e a maionese de corvina. E os crocantes de batata-doce de Aljezur.

 

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Chega um prato que nos  lembra a riqueza da costa vicentina e das terras que o mar bordeja, um verdadeiro terra-mar com o berbigão e a lula em pedacinhos a contrastarem com a batata e a espuma de coentros. A tinta de choco dá-lhe a cor do mar profundo e das rochas.

 

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O prato seguinte traz a joia da coroa, um beurre blanc com maracujá que apetece comer à colher e esquecer a alva posta de tamboril que nela nada. A dar textura e a prolongar a tropicalidade do maracujá, a farofa de bananada Madeira e pão de milho.

 

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A rematar, uma sobremesa de chocolate, caramelo envolvidos em massa filo, quenelles de manjericão cremoso e compota de ginja. Uma combinação clássica e vencedora.

 

 

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Com o café, umas madalenas em forma de queque que parecem feitas no céu e uns docinhos de amendoim.

 

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Acompanhei toda a refeição com um vinho branco algarvio de três castas: a base de Arinto, Alvarinho e Sauvignon Blanc. Chama-se Arvad, o nome fenício para o rio Arade que significa «refúgio».

 

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Serviço muito simpático e eficiente de um casal, a Candela e o David, ela galega, ele chileno. Gostei tanto que até pedi ao Hugo para tirar uma foto com eles.

 

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Gostei de ver o Hugo com um grande sorriso e um ar feliz. O jantar valeu a deslocação de longe. No post seguinte, falo-vos de Odeceixe, da praia e dos melhores lugares para lá ficar. Um pacote fantástico, coroado pelo jantar no Naperon.

PECAN PIE OU TARTE DE NOZES-PECÃ

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TARTE DE NOZES PECÃ

Fácil de fazer, leva dois ingredientes pouco comuns, mas que se conseguem comprar aqui em Portugal. No Sul dos EUA é típica dos diners. Ali usam muito um tipo de formas mais altas e mais pequenas que as nossas, como a da foto. Como ela foi feita em casa de uma grande amiga minha que vive no Texas, foi essa que usámos. Obrigada Alex.

 

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Massa quebrada, a sua receita favorita ou de compra

 

3 ovos inteiros

220 g de açúcar amarelo (1 cup)

2 colheres de sopa de manteiga

340 g, ou 250 ml, de xarope de milho escuro (1 cup), ou 185 ml de xarope de milho normal e 70 g de melaço (o xarope de milho vende-se no Corte Inglès, da marca Karo)

180 g de nozes-pecã grosseiramente picadas

¼ de colher de sal fino

1 colher de chá de essência de baunilha

 

Esta tarte tem um sabor intenso, para mim sabe a EUA. Penso que será da omnipresente e omnipotente baunilha. Faz-me confusão como os norte-americanos colocam sempre extrato ou essência de baunilha em tudo quanto é bolos e estes acabam por saber sempre ao mesmo. Já agora vou falar-vos da diferença entre essência e extracto de baunilha. O extracto é feito a partir do produto natural, pela extracção da vagem da baunilha. A essência é feita de forma artificial, pela criação de um produto sintético. Claro que o extracto é bem mais caro: 50 ml de extracto de baunilha de Madagascar custam cerca de 20 euros. A mesma quantidade de essência custa 3 ou 4 euros. Às vezes a essência também é vendida com o nome de concentrado. No meu caso, como uso muito pouco a baunilha prefiro usar o extracto (a minha digestão agradece), mas em termos de sabor será difícil distinguir para a esmagadora maioria das pessoas. A escolha é sua.

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Outro ingrediente tipicamente estado-unidense é o xarope de milho (corn syrup), muito usado em doçaria. É à base de maltose, e não de frutose.

 

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A noz-pecã é uma espécie nativa do Sul dos EUA (região do Mississipi) e do norte do México. Pode subsitui-la por outro frutos seco, como nozes, por exemplo.

 

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