O Invulgar fica situado em plena Baixa, Rua dos Fanqueiros a bordejar a Praça da Figueira (este parque de estacionamento é o que deve usar e torna a ida muito fácil ). Almoçar ou jantar na Baixa era um hábito do meu tempo de criança e jovem, já lá vão muitos anos. Havia bons restaurantes no Chiado, para as senhoras, clássico era a Ferrari e a Benard. Recordo me bem do linguado meunière com a guarnição de rodelas beterraba denteadas que deixam um rastro vermelho sangue. A acompanhar a batata cozida a inglesa, torneada em forma hexagonal. Mas havia também os restaurantes da Baixa. O Leão de Ouro, na 1 de Dezembro, e o meu preferido, o Paris. Tudo fechou ou se transfigurou. Por isso é de saudar a tradição renovada do Invulgar, com ementa muito destinada à clientela portuguesa (infelizmente, só abre ao jantar, depois das compras...). De uma lista bastante variada, escolhemos 3 entradas e 3 pratos principais e 3 sobremesas. Eu pedi um bife com batatas fritas, acho sempre um bom barómetro da qualidade da casa, e gostei. Boa carne, no ponto de cozedura que eu pedira, batatas em palitos grossos, como compete. Gostei do crocante de alho-francês. A entrada de que mais gostei foi a de ervilhas e ervilhas-tortas puré de batata-doce, puré de aipo, creme de ervilhas com ervas aromáticas. Definitivamente, a melhor entrada. As outras entradas que provei foram o foie gras, agradável mas mal apresentado, porque a espuma de aipo tinha passado totalmente ao estado líquido.
Gostei da esferificação de tremoço, a saber a imperial com a sua acidez, o couvert sintético.
A sobremesa a pedir é das Maçãs de Alcobaça e canela.
O chef Helder Martins tem uma ementa variada, com uma componente a piscar o olho ao molecular, com muita técnica, mas também com um bom trabalho na área dos legumes e com pratos que assentam na qualidade do produto, peixe ou carne.
O Invulgar tem ambiente agradável, muitos clientes portugueses e pessoal eficiente e simpático.
Esferificação de tremoço e cerveja
Amuse bouche: blinis de coentros, rillette de leitão e sardinha fumada
Gostei de ver um dos meus azeites favoritos no couvert: O Monterosa de Cobrançosa (de Moncarapacho, no Algarve). Pão de quinoa vermelha, manteiga umani de alho negro, tinta de choco, soja e miso.
Entrada: Sapateira: canneloni de toucinho marinado em beterraba, , tinta de choco e limão. molho com ovas de arenque e legumes primavera.
Entrada: Foie gras caramelizado com duxelle de cogumelos, espuma de queijo da ilha (a tal que estava líquida), puré de aipo e ovo a baixa temperatura.
Principal: Atum braseado, feijão branco com copita de porco preto, acelga vermelha, cereja e picle de cereja do Fundão.
Principal: Corvina com arroz socarrat, falso caviar de sementes de mostarda, redução de coentros e salicórnia.
Bife Invulgar com batata Ponte Nova (frita 3 vezes), alho-francês crocante, molho de café, brandy, alho e tomilho.
Morangos, pistácios e manjericão
Maças de Alcobaça e canela
Priscos e Citrinos (é hoje vulgar o casamento de doces conventuais e de outros, como este pudim abade de priscos, com citrinos. O próprio abade já o servia em certas festas com um círculo de gelatina de uvas ácidas. No meu entender, este tipo de doces valem por si mesmos e não precisam senão de um contraponto, a saber um copo de água gelada.
Acompanhei a refeição com este Rosé Lavradores de Feitoria de 2021, que fez um bom papel. para as sobremesas, o magnífico Porto branco 10 anos Soalheira.
Foto de capa: Entrada de ervilhas e ervilhas-tortas puré de batata-doce, puré de aipo, creme de ervilhas com ervas aromáticas.
Invulgar
R. dos Fanqueiros 308, 1100-232 Lisboa
Horário
Terça-feira - Sábado
19:00 - 23:00
Fecha domingo e segunda-feira