BARCELONA EM ESCAPADINHA I
Barcelona é uma cidade fantástica, com muito para visitar, mas sobretudo para ver. Eu gosto de fazer estadias curtas em cidades, desde que fora de Agosto, mas detesto ir com calendário cheio. Lembrem-se que Barcelona recebe mais de 30 milhões de turistas/ano, um verdadeiro suplício de sobreturismo.
Adoro alagartar nas esplanadas, percorrer ruas exclusivamente habitacionais e espreitar para dentro das casas, sentar-me em bancos dos parques a ver passar as pessoas, perceber o que fazem e como o fazem. E Barcelona é ideal para isso. E não há filas para essas atividades. Mas há filas pantagruélicas para todas as outras, eplo que há que planear atempadamente, mesmo aqueles que não gostam de se organizar.
Estive recentemente 3 noites em Barcelona e aqui ficam os meus conselhos para uma viagem descontraída.
Em primeiro lugar, a escolha do hotel. São caros, os hotéis. Nunca opte por um nas Ramblas, o barulho e o movimento são cansativos. Deixo-vos aqui a minha escolha, porque tem diversas vantagens, o Park Hotel (em Abril paguei 170 euros/noite, agora está a 197). O quarto e a casa de banho são super modernos, grandes e bonitos. Fica perto de tudo: a 1 minuto do Barrio Gotico, onde se passam sempre coisas e onde se situam montes de coisas. A saber, a catedral, diversos museus e muitas esplanadas, e muito movimento de rua, com músicos a tocar ou até aquelas torres humanas que os catalães adoram. Se atravessarmos a avenida Marques de Argentera, estamos no bairro de Barceloneta, cheio de vida, poucos turistas e de restaurantes bons e baratos. Em baixo, deixo-vos duas referências. Se caminharmos 5 minutos desde o hotel, estamos na praia de Barceloneta, onde se tomam bons banhos (claro que é o Mediterrâneo, lindas vistas e há boas esplanadas.
A piscina do hotel no rooftop
A sala do pequeno-almoço que é a do resturante. o pequeno-almoço é muito bom.
Se caminharmos na Marques de Argentera, saindo do hotel à direita, vamos ter ao porto e à estátua de Colombo (cerca de 10 minutos). A partir da estátua de Colombo, sobrem as Ramblas, às quais não acho graça nenhuma. Interessante para ver nas Ramblas é o mercado de San Josep, mais conhecido por La Boquería (do século XIII), onde pode ver e comprar produtos locais e almoçar. O mercado é organizado esteticamente, com cores e brilhos deslumbrantes. Toda a arrumação é perfeita, poder-se-ia dizer que é mais um museu de comida, embora ali se faça muito negócio, com locais, restaurantes e não apenas com as hordas de turistas que, como eu, andam parados para olhar uma sardinha ou um cone de enchidos como se fossem quadros de Picasso. Se for almoçar, não vá depois do meio-dia. A praça está ao barrote e nem dá para andar lá dentro. Um dos tascos que ficou famoso via Anthony Bourdain é o El Quim, onde ele comeu os ovos fritos com cogumelos. Se não conseguir sentar-se, compre um dos cones de presunto e enchidos que se vendem por todo o lado, e um pão e coma fora do mercado.
Ninguém quer perder o legado de Gaudi, o arquiteto do movimento modernista catalão. As suas obras mais célebres a ver em Barcelona são a Igreja da Sagrada Família, o parque Güell (destinado a uma espécie de condomínio de luxo em estilo naturalista e que nunca chegou a ser construído), e as casas Milà (que parece ter vida própria, numa versão Gaudi da Art Nouveau) e Batlló (uma reconstrução feita por Gaudi, uma verdadeira maravilha de detalhes).
Ainda no universo Gaudi, o Parque Güell vale uma manhã de passeio. É fundamental comprar os bilhetes com antecedência, senão arrisca-se a não conseguir entrar.
Aconselho vivamente que faça um pouco de planeamento e compre os bilhetes para todos estes locais na net antes da viagem. Caso contrário, irá para grandes filmes e arrisca-se a não ter bilhete. Foi o que me aconteceu no Parque Güell. E os preços são mais baratos. Vale a pena ver as casas por dentro? Acho que sim, pelo menos uma delas. Fica caro para uma família, é verdade, mas é uma experiência diferente.
Cada vez que vou à Sagrada Família, há novas coisas para ver, uma vez que a igreja ainda está em construção desde 1882, sempre à base de contribuições privadas. Ainda falta erguer a última torre, a dedicada a Jesus Cristo (a maior que terá 170 m). Os pormenores das fachadas e do interior são tantos e tão complexos que justificam uma visita guiada (incluída no bilhete e que permite saltar as filas). Comprei aqui (agencia Julia), mesmo ao lado da Sagrada Família, através da agência de viagens (marquei a viagem toda na Abreu, com o Sr. Ricardo Alarcón que trabalha na agencia do Chiado e que é extraordinário e paciente).
Na fachada da paixão, os soldados romanos serviram de inspiração a George Lucas para os soldados do Império. A semelhança é bem visível.
O interior da Sagrada Família é riquíssimo. A diversidade de cores e os cuidados que Gaudi teve com a luz e a orientação solar tornam a visita à igreja numa experiência mais psicadélica que religiosa.
Cristo de joelhos flectidos debaixo de um baldaquim que representa o Espírito Santo é, no mínimo, surpreendente. Tudo aqui é simbólico e para podermos perceber os símbolos temos duas hipóteses: ou lemos muito antes de ir sobre este templo, ou fazemos a visita guiada e tentamos permanecer mais um bom tempo no interior e no exterior, para afzermos a nossa leitura.
La Pedrera
Casa Batlò
Park Hotel
Avenida Marques de Argentera, 11, Ciutat Vella
Tel: +34 933 19 60 00
Casa Milà ou La Pedrera – Paseo de Gràcia 92 – visitas das 9h às 20h 30 – ultima entrada 19h.
Preço da experiência mais completa – 35 euros (29 euros para + de 65 anos) – inclui hologramas projectados logo na entrada com a história da casa), o telhado e uma parte da casa mobiliada à época). Pode comprar bilhetes aqui.
Casa Batlló - Paseo de Gràcia 43 – comprar bilhetes para o tour da casa aqui (39 euros).
Parque Güell – bilhetes aqui. Há para vários preços (13 euros o mais barato) com ou sem fila. Também há bilhetes combinados com outras atrações como a Sagrada Família.
No próximo post, continuo a partilhar os meus favoritos em Barcelona, incluindo restaurantes.