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Conversas à Mesa

GASTRONOMIA EM SANTAREM: O FESTIVAL

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Hoje fui visitar o Festival de Gastronomia de Santarém a convite da organização para fazer o tour completo de toos os restauarntes presentes e posso garantir-vos que experimentei pratos em todos eles, que não são poucos. Foi trabalho para 3 horas e meia, mas sai de lá feliz por ver que este Festival está melhor do que nunca. Além do excelente trabalho equipa residente, o grande responsável por essa melhoria é o chef Rodrigo Castelo, um escalabitano proprietário do excepcional restaurante local, a Taberna ó Balcão, cuja visita desde já vos recomendo.

 

A atual oferta restaurativa inclui propostas tradicionais de restaurantes representativos das cozinhas regionais, mas também conta com a participação de conhecidos chefs que apresentam as suas versões de cozinha da sua terra em formato contemporânea e que rodam de dois em dias. Os chefs propõem pequenas porções, suficientes para a prova, e cujo preço não ultrapassa os 6,5 euros. E são os próprios chefs que estão à frente das cozinhas, pelo que se é fã de alguma poderá conhecê-lo. em baixo segue o calendário das presenças dos chefs. 

Além das comidas, há ainda uma área dedicada ao artesanato.  Para vós entusiasmar a visitarem o Festival, aqui vos deixo os meus pratos favoritos eleitos no fim da prova que efectuei nos restaurantes. A ordem é arbitrária. 

1 O Fiambre de língua de vaca em salmoura com pesto de catacuzes do chef Francesco Ogliari (restaurante Tua Madre, Évora): a língua fiambramente cortada, de sabor fresco acompanhada pelo aproveitamente de uma planta silvestre, as catacuzes.

 

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2 O Romeu e Julieta da chef Angélica Salvador do InDiferente, no Porto. Esta tradicional combinação brasileira de queijo e goiabada recriada sob a forma de Cheesecake com goiabada é perfeita. 

 

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3 O Caril de bochechas do chef David Jesus, do Seiva, no Porto, com a textura macia carne das bochechas a acompanhar a cremosidade do grão-de-bico. como David diz, está tudo nas especiarias.

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4 Os Rissóis de leitão do chef Luis Gaspar, do Pica Pau, em Lisboa. boa massa com um recheio rico e de sabor muito equilibrado. foto de capa

 

5 Os Pezinhos de coentrada do restaurante Lampião, em Évora (escolha difícil aqui entre tanta coisa boa).

 

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6 O Cabrito assado e a Alheira de perdiz ex aequo no restaurante O Costa, de Vila Real. O cabrito pelo excelente tempero, maciez da carne e qualidade dos acompanhamentos. não perca, a alheira pela qualidade da carne.

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7 O Javali estufado do Académico, em Bragança. bom tempero, que não mascara o desejável lado "selvagem" da carne. 

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8 As Amêijoas à Bulhão Pato do Aleluia, da Nazaré, pela qualidade da amêijoa. e. em representação de uma grande panóplia de marisco.

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9 A Vitela arouquesa assada da Casa Caetano, no Douro. Pelo sabor da arouquesa , uma das melhores raças autóctones portuguesas, e pela textura.

 

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Todas elas razões mais do que suficientes para ir almoçar, jantar ou petiscar ao Festival de Gastronomia de Santarém. O meu conselho é que vá cedo, porque enche ao barrote sobretudo ao jantar. Uma ressalva: os 4 primeiros Chef’s de que lhe falei poderão já la não estar, mas estarão outros 4 igualmente desejáveis (ver o calendário no fim)

 

 

Data

27 de outubro a 5 de novembro de 2023

Horários de funcionamento

27 de outubro a 04 de novembro: 12h00 - 24h00 (*)

5 de novembro: 12h00 - 19h00

(*) Lounge/Zona Exterior aberta à sexta, sábado e véspera de feriado até às 02h00 restantes dias até 01h00.

31 de outubro e 1 de novembro

  • Chef Nikita Polido – Restaurante CELMAR - MECO                         
  • Chef António Queiroz Pinto – Restaurante Pensão Borges - BAIÃO                    
  • Chef Lídia Brás – Restaurante STRAMUNTANA – Vila Nova de Gaia
  • Chef Rui Sequeira – Restaurante ALAMEDA - FARO

2 e 3 de novembro

  • Chef Rafaela Louzada – Restaurante a GRUTA - PORTO
  • Chef João Simões – Restaurante CASTA 85 - ALENQUER                                    
  • Chef André Ribeiro - Restaurante Callum – Oleiros - CASTELO BRANCO    
  • Chef João Saloio – Restaurante Mãe - Lisboa        

 

4 e 5 de novembro

  • Chef Gonçalo Bita Bota – Restaurante Casa Velha do Palheiro - MADEIRA          
  • Chef Vitor Adão - Restaurante o Plano - LISBOA          
  • Chef Pedro Teles – Restaurante 150 Gramas – Vila Franca de Xira                     
  • Chef Liliana Abreu – Restaurante KAMPO - MADEIRA     

 

COMER NO ALGARVE DE INVERNO

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Santa Luzia é uma vila típica da Ria Formosa, separada do mar aberto por um braço de terra. Aqui se apanha  o comboio para a praia do Barril ou o barco para a Terra Estreita. A vila remonta ao século XVI, protegida pela sua patrona, santa siciliana obreira de milagres relacionados com os olhos e a visão. Talvez todos aqueles “olhos” que deslizam braços abaixo do polvo em duas fiadas ordenadas bem precisem de uma santa milagreira. Já agora fica aqui a curiosidade: o polvo tem duas fiadas de ventosas, a pota só tem uma, uma forma de os distinguir quando já vêm cozinhados. 

 

 

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É uma óptima praia de inverno, com o casario das ruas estreitas bem recuperado e com vida própria nesta estação. Sempre foi vila pesqueira, de artes xávega  e tradicionais, mas, no início do século XX, os pescadores começaram a dedicar-se à captura do polvo com alcatruzes de barro. A quantidade era tão grande que se secava para conservação. O polvo seco era, em geral, grelhado. Ainda hoje, em certas feiras como a de Vila Real de Santo António, se vêm grelhadores para assar o polvo seco.

Em breve os alcatruzes foram substituídos pelos covos , que capturaram grandes quantidades de polvo, sem rica de defeso, e começou a registar-se uma diminuição das capturas. Hoje pesca-se pouco polvo em Santa Luzia, mas este cefalópode continua a fazer da gastronomia local. O polvo seco e assado raramente aparece nas cartas dos restaurantes, substituído pelo fresco.

 Existem 3 ou 4 restaurantes de referência na vila. Fui conhecer um deles, A CASA, com belíssimas instalações e um pantagruélico polvo instalado no telhado. O pessoal é super simpático. Se estiver no exterior, recomendo vivamente que vá coberto de anti-mosquitos porque atacam com toda a força, sobretudo no Verão e ao pôr-do-sol.

 

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Passemos então ao que interessa, o que por lá se come. Para começar, os incontornáveis rissóis de polvo a 1 euro a unidade. A seguir, os Filetinhos de polvo, a que nunca consigo resistir, com uma magnífica salada russa de acompanhamento em versão meia dose por 8 euros. Há vários pratos nesta agradável versão que permitem alargar o leque da prova. O Polvo Abafado, excelente escolha, de simplicidade comovente com as batatinhas cozidas revelou-se cheio de sabor e textura muito desejável. A rematar, um dos melhores Dom Rodrigo que já comi, isento daqueles molhos de caramelo que corrompem o sabor (2,60 euros). Cozinha impecável a preço camarada. Grande refeição. 

Para a digestão, nada como um passeio à beira-ria. 

Mesmo no Inverno não deixe de reservar. 

A CASA

Av. Eng. Duarte Pacheco 76

Santa Luzia

Tel: 965 084 207

AURORA EM LOULÉ

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É meu costume fazer férias no Algarve em junho e no princípio de outubro. Tenho apanhado sempre bom tempo, os preços dos hotéis estão a menos de metade e os restaurantes sem filas. Os preços da restauração subiram bastante, mas hoje venho falar-vos de um com uma excelente relação qualidade-preço, o Aurora de Loulé.

A sala é lindíssima, com uma decoração que foge do standard atual e que nos dá uma sensação de conforto e refinamento natural. Gostei imenso da esplanada e do recanto da mesa grande para 8/10 pessoas, que nos permite ver a cozinha envidraçada.

 

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Fotos de Vitor Veloso e do interior do restaurante por Mário Cerdeira

 

O atendimento é de grande qualidade, orquestrado por um excelente chef de sala de uma simpatia reconfortante. São qualidades que cada vez vemos menos na restauração, atingida por uma crise de pessoal preocupante.

A carta divide-se nos pratos principais (que começam nos 18 euros) e os pratos para partilhar. Trazem uma boa quantidade de comida e podem ser partilhados ou servir de prato principal com uma entrada. Aqui os preços são francamente convidativos (entre os 8 e os 12 euros). Pode também optar-se pelo menu de 3, 4 ou 6 pratos, a um preço razoável e com ou sem harmonização vínica. Também há cervejas artesanais. Deixe-se conduzir pelo chef de sala, que também é um ótimo sommelier e pode ajudar a escolher a partir de3 uma boa carta de vinhos.

O chef e proprietário do restaurante é o Vítor Veloso, que abriu o Aurora em Junho 2021, numa agradável rua sem trânsito do centro histórico de Loulé, uma cidade cada vez mais agradável. Vítor já correu mundo a trabalhar, tendo estado no Brasil, nos EUA, em Londres (onde trabalhou com Nuno Mendes no Viajante) e onde até foi chef da Embaixada lusa. Após regressar a Portugal, andou pelo Algarve e pelos Açores, onde foi chef executivo do hotel Terra Nostra. No Aurora dá destaque aos produtos algarvios.

 

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A minha refeição começou com um pastel de massa tenra de berbigão, com um invólucro perfeito, a que se seguiram dois pratos de partilha, os biqueirões braseados com mexilhões, tudo fresquíssimo, e o xerém com carne de porco e amêijoas (este de textura perfeita, mas a precisar de mais sabor exógeno de umas ou de outro). Para sobremesa, a tarte de maçã de boa massa e um delicioso gelado de noz-pecã e praliné.

Todas as razões acima aduzidas são mais que suficientes para lhe recomendar o Aurora.

 

 

 

 Outra boa razão que me levará lá na próxima oportunidade: a hora do vinho e do petisco entre as 17h e as 18h30, com harmonizações.

Se tem crianças, o Aurora tem um bom menu infantil.

 

AURORA

Rua Dom Paio Peres Correia, 14, Loulé

Tel: 289 035 5067

Domingo e segunda-feira

Encerrado

terça-feira

17:00–22:00

quarta-feira

17:00–22:00

quinta-feira

12:00–14:30, 17:00–22:00

sexta-feira

12:00–14:30, 17:00–22:00

sábado

12:00–14:30, 17:00–22:00