A CONFRARIA DO PEIXE EM DEFESA DO MAR
Teve recentemente lugar, na Casa da Baía de Setúbal, o V Capítulo da Confraria do Peixe da qual sou Grã-Chanceler. Esta Confraria foi criada em 2017, com o objectivo de defender a sustentabilidade do nosso peixe, sua preservação e divulgação, assim como das respetivas artes piscatórias. A este propósito, associamos a vertente gastronómica, tentando sempre valorizar o pescado local e as espécies menos conhecidas, que envolvemos em confeções tradicionais e contemporâneas.
No caso de Setúbal, o capítulo teve uma parceria com a Câmara Municipal e o tema não poderia deixar de ser o choco. Para a já habitual palestra nos nossos capítulos, fizemos algumas reuniões preparatórias que incluíram os membros da fileira do choco, nomeadamente associações de pescadores, restauradores, chefs e historiadores. As preocupações centravam-se na escassez do choco pescado localmente e na necessidade de recorrer à importação, na eventualidade de apresentar novas versões tradicionais e modernas deste cefalópode.
A abertura do capítulo esteve a cargo do grão-mestre, António Matos Cristóvão, e ainda do presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins. O painel da palestra integrou a ciência, na pessoa do Doutor João Pereira (especialista em cefalópodes do IPMA), a gastronomia, representada por Tiago Emanuel Santos (chef de cozinha), e a restauração local, com Luís Rebelo, proprietário de A Casa do Peixe. A moderação esteve a meu cargo. Foi uma palestra informal e muito viva, com intensa participação da audiência. Foram lançados alguns desafios à restauração setubalense, nomeadamente o repto proposto pelo chef Tiago Santos para que na época de 2024 se aumente sensivelmente o consumo de choco pescado localmente nos restaurantes.
Seguiram-se as eleições e a entronização de novos confrades. Para finalizar, um almoço que também teve lugar na Casa da Baía, cuja estrela não podia deixar de ser o choco. Para começar, uma massada caldosa de choco, preparada pela associação Setúbal Pesca, uma feijoada de choco e um choco em tempura pelo chef formador da EHTS, Mauro Loureiro, e dois doces tradicionais feitos pelas doceiras Maria Francisca e Paula da Segue as Tradições, a torta de laranja de Setúbal e o Pé-de-salsa.
Quem tiver interesse na defesa do Peixe é bem-vindo nesta confraria que não tem traje por opção. A nossa identificação faz-se com ideais e lutas e não com fardas. Consulte o nosso site em https://www.confrariadopeixe.pt