PERCORRENDO AS CINQUE TERRE
O Comboio La Spezia - Cinque Terre
É facílimo, rápido e confortável ir de la Spezia para qualquer uma das Cinque Terre de comboio. A viagem é feita à beira-mar, mas quase sempre em túnel pelo que se vê muito pouco. Mar esse que é considerado um dos mais puros e ricos de Itália.
A sucessão das 5 em relação a La Spezia é a seguinte: Rio Maggiore, Manarola, Corniglia, Vernazza e Monterrosso. A distância entre todas elas é de cerca de 5 minutos e o bilhete custa 5 euros. Há um passe diário a 19.50 euros na época baixa, mas para mim não compensou porque o máximo que fiz foi 3 viagens num dia.
Quando marquei viagem pensei reservar um dia para cada vila, mas no terreno verifiquei que podíamos fazer com muita calma duas por dia e assim conseguia guardar um dia para conhecer Portofino e outro para La Spezia.
Muito importante: pode comprar o bilhete nas máquinas da estação (na bilheteira está sempre fila), mas é essencial que valide o bilhete numa outra máquina da estação. Uma vez fui multada no comboio em 10 euros por me ter esquecido de o fazer.
Como disse anteriormente, o charme destas 5 vilas vive também de serem 5. Todos nós gostamos de conjuntos e de listas e de riscar itens. E aqui temos 5 lugares todos parecidos, mas todos diferentes. As Cinque Terre são um Parque Nacional Protegido e Património Mundial da Humanidade. Mas tenho uma confissão a fazer. Só conheci 4 terre, porque não fui a Corniglia, desalentei-me com os seus 400 degraus para subir da estação do comboio até à vila, situada sobre um penhasco, longe do mar.
O que pode esperar em todas elas? Lindas vistas de mar, ruelas a subir e a descer cheias de charme e de lojinhas (todas elas muito parecidas), pequenos restaurantes e gelatarias, igrejas e castelos. São todas parecidas mas também todas elas têm a sua própria identidade. Embora não tenha feito caminhadas, para quem gosta há sempre trilhos com paisagens maravilhosas, mas geralmente pagos.
RIOMAGGIORE
Riomaggiore é a localidade mais próxima de La Spezia, e foi por aí que começámos as nossas visitas.
Logo que saímos do comboio na estação de Riomaggiore há uma agradável esplanada para tomar um café, mas atenção que cafés e restaurantes não costumam ter casas de banho. Estas costumam ser públicas, acedendo-se através do pagamento de um euro.
O Bar da estação, com um bom espresso
Esse dia estava de chuva e ventoso, pelo que o mar se apresentava encapelado e uma visão deslumbrante. Saindo do nível do mar, sobe-se uma rua principal muito íngreme, sendo a vista de cortar a respiração. Vale a pena explorar as vielas mais pequenas, sempre cheias de surpresas, como o aviso do cão feroz, as inúmeras escadas de todos os tamanhos e feitios, as charmosas varandas, os recantos onde apetece ficar em contemplação, ou as pequenas e grandes igrejas.
Muito fartos de turistas a entrarem-lhe pelo quintal adentro, estes moradores dizem que o cão morde, rasga as carnes, mata e dança sobre o cadáver.
À medida que vai subindo, entre na igreja de São João Baptista, do século XIV, e no Oratório di Santa Maria Assunta. Tal como todas as outras igrejas da zona são feitas em riscas de pedra escura sobre a estrutura de pedra branca. Também como em todas as outras vilas, existe um castelo altaneiro, porque esta costa padecia de muitos assaltos de barcos piratas. Para lá chegar é sempre preciso ofegar muito.
Toda esta subida e contemplação fazem fome, pelo que lhe aconselho um dos vários restaurantes de frituras na Via Cristoforo Colombo. Mas antes não deixe de tomar um Limoncino (na costa amalfitana chama-se Limoncello), o famoso licor de limão, sob a forma de Spritz (com água gasosa e Prosecco). Os limões desta costa são da variedade Sfusato Amalfitano, com muita casca rica em óleos essenciais que dão o perfume ao Limoncino. Os souvenirs turísticos giram em volta do limão, sob a forma de bebidas, sacos, bonés ou peúgas. São iguais em todas as vilas.
IL PESCATO CUCINATO, na Via Cristoforo Colombo. não ha mesas neste tipo de restaurantes, mas este tem uns bvancos cá fora.
MANAROLA
O Cartão Postal
Por ordem espacial, segue-se Manarola. Embora todas as Cinque Terre tenham muitas semelhanças, cada uma tem uma individualidade feita de diferenças, e em cada uma podemos procurar diferentes experiências. Manarola é o cartão postal, a vila que mostra cores mais vibrantes, a mais representada e a mais icónica vista do mar. As casas parecem fazer parte dos penhascos sobre os quais a vila se alcandora, tudo numa fusão orgânica. De uma bonita e recatada enseada para os barcos de pesca, sobe-se à vertical por uma falésia onde se concentra o apinhamento das casas coloridas em tons claros, mas intensos. Dizem que estas cores vibrantes tornavam fácil de identificar a casa de cada pescador vista do mar.
Em redor de Manarola encontramos vinhedos cujas uvas produzem um vinho doce, o Sciacchetrà, cultivado em terraços à volta da vila.
A não perder a gelataria Cinque Terre, na Via Renato Birolli 62, na rua que desce para o mar. Lá em baixo, vale a pena sentar e ficar a contemplar a paisagem. A Igreja de S. Lourenço, do século XIV, merece a visita.
VERNAZZA
Vernazza tem um pequeno porto natural e uma envolvente marítima muito especial, abraçadas pelo casario em tons rosa e pêssego, e colorido pelas cores vivas dos barcos semeados pelas ruas que descem para o mar. Junto do porto pode ver-se a torre de vigia contra os piratas do castelo Doria. Ao longo da sua costa existem pequenas praias de areia e pedra e à beira-mar está também a Igreja de Santa Margherita di Antiochia. Para comer, temos o Batti Batti Frigitoria (Via Quirino Ennio Visconti, 3), fritadas de peixe, mas também a belíssima focaccia do Batti Batti Focaccia (Piazza Guglielmo Marconi,8). Ambas são perto da via Roma. As lojas são lindas, mas funcionam em regime de takeaway. Compre e sente-se ali perto num banco a ver passar as gentes, que as há muitas e variadas.
Depois, vá comer um gelado à Gelataria Stalin - Amore Mio (Via Roma, 12), não tão boa quanto a de Manrola, mas a valer muito a pena. Limão é o sabor a pedir aqui nesta costa perfumada pelos limoeiros. Como alternativa, a granita de limão.
Gelataria Stalin
As casas de banho são, geralmente, publicas e pagas (1 euro)
MONTEROSSO AL MARE
A Praia .de areal. Muito vilegiatura
Uma capela na marginal com o Santo António
A Marginal
A não perder, no fim da Marginal, a estátua de Neptuno, o gigante, mutilada pelas bombas dos Aliados na Segunda Guerra, e pela força do mar.
Neptuno antes da guerra
Igreja de São João Baptista
Monterosso é a maior das cinco vilas e a única com espírito de veraneio. Uma longa faixa de areia permite o uso de chapéus e espreguiçadeiras e a presença de vários pequenos restaurantes ao longo da única marginal plana das 5. O comércio é aqui bem mais vibrante com bonitas lojas de roupa e decoração.
Ao fundo da marginal pode ver-se uma gigantesca estátua de Neptuno, já bastante danificada pelo mar e bombardeamentos Aliados, que lhe destruíram os braços e o tridente. Foi feita de cimento em 1910, como fachada da Villa Pastine, hoje Casa do Gigante, remodelada e para aluguer de férias.
Como em todas as vilas, as casas estão pintadas em amarelo-claro, rosa e laranja. Monterosso tem muitos limoeiros e histórias de piratas, estando a defesa da costa concentrada no Castello dei Fieschi, alcandorado numa colina. Para ver tem ainda a Torre Aurora e a Igreja de São João Batista, mais uma de riscas de mármore.
Almoço num restaurante muito agradável, no terraço: o Sottocasa. Aperol Spritz
e focaccias variadas.
Esta é uma viagem de uma beleza incrÍvel, em que a natureza nos parece organicamente ligada ao que o homem construiu. uma viagem que vale a pena empreender com muita calma, para tirar partido de cada canto, de cada cor, de cada sabor. o cadeirão vermelho sobre o mar da fotografia de capa é o ideal para o fazer.