A ABÓBORA QUE VIROU PUMPKIN
Por cá, o Starbucks transformou a abóbora em pumpkin, e nós transformámos o dia dos mortos em Halloween. Rapidamente nos desfizemos do pão por Deus (que horror, admitir que alguém pede pão em vez de guloseimas) para imitarmos os norte-americanos. E até aderimos ao pumpkin. Já nos estou a ver a produzir as tartes de abóbora em massa, vendo-nos livres dos nossos doces tradicionais, como os sonhos, os bilharacos ou as filhoses.
Nos EUA deitam-se fora 22 milhões de abóboras no Halloween, na Grã-Bretanha mais de 10 milhões. Além do desperdício alimentar, há o problema de uma quantidade massiva de lixo. Para agravar o problema, estas abóboras são criadas nesta época exclusivamente para decoração, sem qualquer cuidado com o sabor e a qualidade, pelo que mesmo que as quisesse consumir, provavelmente iria ficar desapontado com o sabor. Por outro lado, e a abóbora for talhada, poderá estar contaminada no fim das festas.
Será que nós portugueses que vivemos sem aloínes até há meia dúzia de anos, temos mesmo de aderir a esta tradição aglo-saxónica que os ianques banalizaram? Todos os povos têm este tipo de festas que lidam com a morte e o sobrenatural nesta época, por exemplo o dia dos mortos, mas não podemos conservar as nossas tradições?
Numa época em que a sustentabilidade está na boca de todos, era bom que atinássemos. E que continuássemos a ter abóboras em vez de pumpkins.