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Conversas à Mesa

ALBERT ADRIÀ FECHA EL BARRI

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Fechou defintitivamente o El Barri (o Bairro del Paralell, em Barcelona), o conjunto de restaurantes de Albert Adriá a que este empresário e chef chamava o playground gastronómico da cidade (e que Avillez replicou em Lisboa, quer na proximidade dos restaurantes quer através do conceio do Bairro). As dívidas ascendiam a 7,5 milhões de euros. O Pakta (nikkei), o Hoja Santa (mexicano), o Tickets (contemporâneo de tapas), a Bodega 1900 (mais tradicional, queijos, enchidos, vinhos etc) fecharam, para não voltarem a abrir. Todos eles eram pertença de uma sociedade entre Albert Adrià e os hermanos Iglesias, do Grupiglesias. O mais velho destes irmãos Iglesias até escreveu um romance durante esta crise, que em entrevista ao jornal La Vanguardia classifica como “colapso descomunal”. Apenas ficou aberto o Enigma, com uma estrela Michelin, propriedade apenas de Adrià.

Este tipo de restaurantes, como há muitos por todo o mundo, dedicam-se apenas a servir turistas. Quando estes escasseiam ou desaparecem mesmo durante dois anos seguidos, o negócio fica muito feio.

Quando esta crise pandémica passar, é provável que o turista já não venha à procura deste tipo de restaurantes, mas sim de uma cozinha mais autêntica, mais tradicional. E que, por outro lado, surja um novo movimento na cozinha contemporânea, uma nova criatividade sem raízes tão fundas no molecular. Não se me põe dúvidas de que a proteína animal será cada vez mais rara, porque temos de despertar para os problemas dos oceanos, para as crises das vacas. O desafio passará certamente por, mantendo a matriz tradicional, fazer uma cozinha com menos proteína animal. Todas as crises podem trazer alguns benefícios.