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Conversas à Mesa

ANTIGA CASA FAZ FRIO

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FAZ FRIO

 

A remodelação do espaço dá gosto. Bem feita, respeitando a história e até guardando alguns ícones do restaurante, como o marinheiro, dizem que do Mário Cesariny, a escrutinar quem entra (o Faz Frio já fora propriedade de oficiais da marinha, que ali o colocaram), o magnífico chão em lajes de pedra, os azulejos da entrada e os reservados e as respectivas gravuras. Toda a renovação seguiu os ditames do programa Lojas com História da CML. O restaurante já tinha mais de 120 anos, nem se sabe ao certo quantos.

O novo balcão em mármore substitui com vantagem o feíssimo de inox. Conservadas também as portas de vai-e-vem que lhe dão o sabor da casa de pasto.

 

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Preservado foi também o bacalhau, que mantém o estrelato que tinha na Antiga Casa Faz Frio, embora em recriações.  Provei os pastéis do mesmo estavam bem fritos, tinham bom e bastante bacalhau. espero lá voltar para experimentar os pratos bacalhoeiros que não cheguei a provar.

De entrada, bom pão feito no restaurante, manteiga dos Açores e azeitonas.

 

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Um dos pratos principais que pedi foram Pastéis de massa tenra com arroz de feijão. O arroz cumpriu a sua função com garbo e os pastéis estavam saborosos, mas não de massa tenra. A massa era dura, parecia de empanadas, e sem o «vento», isto é, nem fazia bolhas nem havia a característica almofada de ar no interior. Este era o principal pecado dos pastéis. O recheio era de carne desfiada, e não de carne moída, aquelas típicas bolinhas que pareciam carapinha, mas isso hoje já é quase inevitável e é uma memória só de alguns. Será um prato essencial, a aperfeiçoar e a manter. A geração anterior à dos novos cozinheiros, como o Chef Mateus Freire, e a anterior a essa, como a minha, ainda têm muito frescas as memórias de certos pratos, como estes pastéis, e ainda sabem exactamente o que esperam quando lhes falam neles.

 

 

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Obrigada ao Pedro Cruz Gomes por esta foto.

 

Muito gulosos, os peixinhos da horta versão tempura, com a cozedura do feijão-verde impecável. Recomendo o pica-pau com carne muito apetecível e óptimos temperos.

O outro prato principal valeu toda a refeição: cachaço de porco preto com xerém de amêijoas (foto incial). Acho que nunca lá vou voltar que não o peça. Carne com boa textura, ponto de cozedura certo e um xerém cremoso com o sabor das amêijoas e o bom gosto de não trazer as cascas. Mais uma vez gostava de chamar a atenção de que responsável para não usarem a terminologia «preto» para o porco, não quer dizer rigorosamente nada. Se é do Alentejo, chamem-lhe alentejano ou de raça alentejana; se é espanhol, chamem-lhe ibérico.

 

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Do lado das sobremesas, veio um leite-creme queimado na hora com grande qualidade, e uns formigos, com nenhuma qualidade. Os formigos são um doce pobre e pouco apelativo de si, á base de pão, que se come tradicionalmente nas Festas. Quando pedi esta sobremesa, pensei que fosse também um take actualizado, já que não vejo qualquer mais-valia em a apresentar como tradicionalmente é feita. Não era, além de que tinham tanto vinho (presumo que do porto) que se tornaram incomestíveis. Para rematar, os pastéis de nata tinham um recheio saboroso, mas a massa da parte de baixo estava tão mole que se rompia, e a dos lados não folhou capazmente. O pastel de nata é mesmo para um pasteleiro.

Concluindo: penso que o chef Mateus Freire tem todas as condições para, mantendo esta ementa, ter um Faz Frio onde queremos sempre voltar.

Terças, quartas, quintas e sextas há pratos de almoço, a preços razoáveis, sendo que um deles costuma ser de bacalhau. A ementa fixa

Serviço muito cortês e eficiente. Há ainda uma grande sala no primeiro andar, reservada, idela para jantares de grupo.

 

Faz Frio

  1. Dom Pedro V 96

1250-092 Lisboa

Fecha à Segunda-feira

Não aceitam reservas

 

 

 

 

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