CASAS DE BANHO
Já estiveram melhores. Houve uma altura em que se notou um esforço para melhorar as que tínhamos. Hoje, já ninguém se parece importar. Estão velhas, o chão esburacado coberto de estuque no lugar dos ladrilhos que já se partiram, as tampas das sanitas partiram-se e partiram para lugar. Incerto. Os autoclismos estão avariados. Os lavatórios têm rachas. Nunca há papel das mãos, substituído por bufas-ar nojentos, e o higiénico não abunda. Curiosamente,costuma haver um cartaz a dizer para não colocar o papel na sanita, cena que nunca entendi, e um outro a pedir que o cliente deixe a casa de banho tão limpa quanto a encontrou, o que até pode ser difícil…E sobretudo, as casas de banho estão invariavelmente sujas. Só se lá vai por urgência imperativa. Estamos a regredir em direção ao velho buraco no chão.
A pior casa de banho que já frequentei foi em Ourika, no sopé do Atlas. Tratava-se de um café engraçado onde as mesas e as cadeiras estavam dispostas dentro do rio Ourika, que ali passava com caudal escasso. O café tinha um terraço e a casa de banho estava situada no patamar entre os dois lances de escada, com uma cortina de banho a servir de parede e de porta. Lá dentro havia um simples buraco. Durante o uso, o pessoal subia e descia as escadas, usando o pouco patamar que sobrava.
Pois receio que os nossos restaurantes e cafés estejam na trajectória para o buraco no patamar. Infelizmente, enquanto estive recentemente em Itália verifiquei tendência idêntica nas casas de banho. Salvam-se as públicas que têm uma senhora a tomar conta e onde se paga 1 euro, abençoado seja.
Não sei o que se passa na cabeça dos donos dos restaurantes e cafés para não perceberem a ligação imediata que fazemos do estado de limpeza das casas de banho com a higiene das cozinhas. Meus senhores tenham mais cuidado com os vossos WC. E senhores clientes exijam casas de banho em condições.