DUMONDE, OU COMO TORNAR-SE UM CHOCÓLATRA
Numa recente ida ao Porto, que continua uma cidade maravilhosa, tive o prazer de visitar uma incrível loja que vende chocolate de todo o mundo. A decoração é espectacular, assim como a forma como os chocolates estão «catalogados» e apresentados. É fácil passar ali uma tarde a olhar as maravilhosas capas das tablettes e a provar amostras dos exemplares que generosamente nos são oferecidos.
A loja, onde pode sentar-se a provar os chocolates sempre disponíveis para poder escolher antes de comprar
São Jorge dos Ilhéus, chocolate de leite da Baía
Santa Cruz 70%, os dois da Chor
Chocolates da francesa Chapon, sempe com embalagens cheias de fantasia. As lojas da Chapon têm ainda um famoso bar de mousses de chocolate de diversas origens. Cuba, Costa do Marfim e Peru
Esta loja que nos faz viajar pelo mundo das origens e dos sabores do chocolate chama-se Dumonde e foi criada em Dezembro de 2015 por um casal jovem e apaixonado pelo cacau, a Antonia Germanova e o Hugo Resende. A decoração é lindíssima. Gostei sobretudo do mapa mundo no tecto.
Durante o tempo que lá passei, a casa foi-se enchendo de gente de todas as idades. Há chocolate para todos os gostos e de todas as origens, desde vários 100% cacau até ao de leite, passando pelos bonbons Denegro, do chef Antonio Marques. A nossa incrível viagem começa na América do Sul, passa pelo Vietname e acaba em África, através de chocolates de origem na sua maioria produzidos por produtores apaixonados, como os da Willie’s, que trocaram a sua vida em Londres por uma fazenda de cacau na Venezuela.
Tabletes de chocolate Saudade, da Denegro
Erithaj, uma empresa francesa baseada em Estraburgo que usa cacaus do Vietname
A minha escolha
Um Menakao 100% cacau, de notas cítricas, parte de uma colecção de chocolates de madagáscar cujas belíssimas embalagens trazem personagens típicos da região
Um Chapon do Peru, escolhido também pela belíssima embalagem
Um 100% cacau da Williie’s, com as magníficas favas de uma fazenda chamada Hacienda El Tesoro, na Venezuela. O Willie é um inglês que se apaixonou pelo cacau.
Um Cicada, uma empresa bean to bar da Austrália, que juntou o chocolate de Madagáscar ao café do Quénia.
Um Jordi's da República Checa com grãos de cacau, que lhe dão uma textura especial, ao mesmo tempo que reforçam o sabor.
Uma prova interessante para quem começar no mundo do chocolate é experimentar estes dois 100% (só sólidos de cacau, nada mais). Não os trinque, deixe um pequeno pedaço derreter-se lentamente na sua boca. O da Willie´s tem aquela textura que sonhamos no chocolate, sedosa, que nos cobre a boca e se prolonga indefindamente, revelando sabores a frutos secos, a cascas de árvores, enfim, dando corpo a uma espécie de ideia do chocolate. O da Menakao tem uma enorme comlexidade de sabores que se vai revelando à medida que o deixamos derreter na boca. O que salta ao palato é o sabor frutado tão característico de Madagáscar, de vez em quando acompanhado de alguma adstringência.
Esta prova é ideal para perceber que o cacau é muito diferente de local para local.
Dumonde