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Conversas à Mesa

NICARÁGUA OU A FORÇA DO TRIVIAL

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Miami tem o bom da América "templado" pelo bom da América Latina. Aqui é preponderante a influência cubana, Havana fica a uns poucos 90 km. Vagas de cubanos têm chegado ao longo do tempo, sendo a mais conhecida a dos Marielitos, que nos anos 80 saíram de barco do porto de Mariel com o beneplácito de Castro, que os apelidou de "escória".

Na rua domina a mulher latina, exibindo orgulhosamente os generosos seios e bumbuns. Numa noite húmida com uma leve brisa tropical, um puro sabe pela vida.

É vulgar nos restaurantes ou nas lojas dirigirem-se-me em espanhol, ou até em português, porque, além de cubanos, Miami está repleta de outros latino-americanos, nomeadamente brasileiros. Esta a razão que, nos poucos dias que lá passei esta semana, me levou a dedicar grande parte do meu interesse em matéria de comidas a um destes países, a Nicarágua.

 

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No meio de uma das maiores artérias da cidade, a Flagler Street (baptizada com o nome do homem que fundou a Standard Oil e do caminho de ferro que possibilitou o desenvolvimento de Miami) fui à procura da Little Nicaragua, mais especificamente dos seus restaurantes típicos, as fritangas.

O nome deriva do facto de os fritos serem muito comuns nestas casas, uma espécie de cantinas situadas habitualmente em pequenas plazas, os aglomerados de lojas ao ar livre que acompanham sempre os bairros habitacionais. As fritangas podem ser grandes ou pequenas, mas têm um balcão onde as várias comidas estão dispostas para escolha. Algumas estão mais vocacionadas para vender para fora, outras para comer no local,mas todas elas têm uma forte componente de convivialidade.

 

No meio de uma das maiores artérias da cidade, a Flagler Street (baptizada com o nome do homem que fundou a Standard Oil e do caminho de ferro que possibilitou o desenvolvimento de Miami) fui à procura da Little Nicaragua, mais especificamente dos seus restaurantes típicos, as fritangas.

O nome deriva do facto de os fritos serem muito comuns nestas casas, uma espécie de cantinas situadas habitualmente em pequenas plazas, os aglomerados de lojas ao ar livre que acompanham sempre os bairros habitacionais. As fritangas podem ser grandes ou pequenas, mas têm um balcão onde as várias comidas estão dispostas para escolha. Algumas estão mais vocacionadas para vender para fora, outras para comer no local,mas todas elas têm uma forte componente de convivialidade.

 

 

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 Nacatamal

 

 

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 Frituras diversas: batata doce, banana, enchidos 

 

Para encurtar razões, digo-vos que fiquei fã depois de ter ido à Fritanga Amerrisque. Tive pena de não ter experimentado os pratos todos. Os meus olhos gulosos conduziram-me de imediato para a língua de vaca guisada, presos no molho espesso dos sucos da carne e do tomate e na textura semi fibrosa semi gelatinosa das fatias de tamanho irregular. Para acompanhar, mandioca cozida, embora o alimento base seja o milho, uma herança indígena. A doçura da mandioca abre os braços ao molho da língua e atenua-lhe a acidez do tomate. Depois não pude recusar uns lindíssimos embrulhinhos de folha de bananeira, os nacatamales, que escondem uma reconfortante mistura de carne de porco,  pimento, cebola, tomate, arroz, malagueta e passas sobre uma camada de masa de milho.  Leva horas a sua preparação.

 

 

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É uma das combinações vencedoras, resultantes, em geral, da sobreposição ou da fusão de várias cozinhas, que se mantêm há muitas dezenas de anos inalteradas, ou com poucas alterações, precisamente porque reúnem produtos e gestos que passaram a pertencer aos mesmos ecossistemas. O resultado é uma falsa sensação de simplicidade que me (nos) atrai sem apelo nem agravo. Este tem sido o segredo do sucesso da cozinha do Peru e de outros países das Américas: a promoção dos melhores produtos confeccionados no apuro das maneiras tradicionais. Cada vez me convenço mais que este é o nosso caminho. Com a variedade de produtos e pratos que temos no nosso país, com a riqueza do nosso trivial, com ou sem os croquetes,  imaginem o que nós podemos fazer se resolvermos fazer bem feito, optando pelos bons produtos e pelas maneiras tradicionais de os preparar. 

 

 

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Raspando o gelo

 

 

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O gelo raspado no copo

 

 

 

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A cobertura de dulce de leche 

 

 

 

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 A loja super colorida