O DOWNUNDER É DA TERRA DO SKIPPY
Aos australianos não se lhes conhece nenhum corpo culinário notável, mas hoje exploram com inteligência uma cozinha de fusão entre ingleses, Ásia e bosquímanes. Entraram no mundo da fama da cozinha através do programa Masterchef, graças a três personalidades altamente televisivas, dois cozinheiros e um crítico gastronómico.
Hoje é moda buscar os produtos e as técnicas locais, do tempo dos bosquímanes (os bushmen) e valorizam-se carnes tradicionais, como o crocodilo (não o Dundee), a ema e o canguru (ou melhor ainda, o wallaby, uma espécie mais pequena e valorizada).
E não é que, vindo dos nossos antípodas, um australiano, Justin Jennings, abriu um restaurante em S. Bento? E não é que eu resolvi ir experimentar?
O restaurante tem duas salas. Fiquei em cima, na que dá para a rua, bem mais agradável e com a cozinha à vista. A lista é curta: crocodilo, canguru e vaca, um vegetariano, massa, peixe do dia, salmão e fish and chips. Crocodilo não aprecio. Canguru lembra-me o adorável Skippy (o canguru herói de uma série que passou na TV nos anos 70) e não consigo comê-lo. O resto não me pareceu muito atraente, tendo acabar por optar, assim como o meu companheiro de refeição, pelo bife da vazia (23 euros) de black angus com molho à escolha (béarnaise) e batatas fritas em gordura de pato. O prato é agradável, as batatas ótimas e a carne boa, sobretudo quando comparada com a que se come ultimamente em Lisboa. Mas por 23 euros sei de vários locais onde posso comer coisas mais interessantes. Para entrada, pedimos gyosas (yaki, as salteadas) com salada, que se deixaram comer. Para sobremesa, um incrível bolo de tâmaras com molho de caramelo e gelado que valeu a ida ao Downunder. E uma intensissíma tartelete de chocolate e caramelo salgado com pipocas.
Foi uma refeição agradável que ficou por 35 euros por cabeça, sendo as gyozas divididas por dois e o vinho a copo. Talvez tire mais partido do restaurante quem queira experimentar as carnes exoticas para nós. A sala estava vazia e o chef ausente.