O NOSSO LIXO
Até aos anos 60, não havia nome para caixote do lixo na região do Barroso, no norte de Trás-os-Montes. Nem caixote do lixo. O que não havia era lixo. Os barrosenses não compravam nada embalado, portanto não sobravam embalagens. O que havia era o lato do porco, onde iam parar todas as sobras orgânicas da cozinha: cascas, pevides, caroços, restos dos pratos aos quais se acrescentavam legumes especialmente cultvados para o reco. Com a emigração e vinda ocasional dos emigrantes a casa, aumentou o consumo e chegou o caixote do lixo. Como os barrosenses emigrados não conheciam o conceito de caixote do lixo, este entrou na vida quotidiana com o nome de pubela, o aportuguesamento de «poubelle». E veio para ficar.
Cada vez os nossos caixotes do lixo enchem mais rapidamente, sobretudo com embalagens, porque quase tudo o que comemos, mesmo os frescos vem embalado. se experimentar fazer uma semana de comida não embalada, irá perceber como o seu caixote do lixo não precisou de ser despejado senão no fim dos oito dias...
Na cozinha, a ideia é aproveitarmos todas as sobras e não desperdiçarmos comida. Quantas vezes guardamos restos em caixinhas no frigorifico, só para fazer o luto, porque passados dois dias vai tudo daqui para o caixote do lixo? E os legumes que comprámos à toa, sem destino, e que acabam por apodercer na gaveta do frigorífico? E as latas que passaram o prazo? É forçoso que comecemos a controlar o nosso consumo em todas as áreas. Comecemos pela cozinha.