O NOVO PÁTEO REAL DE FILIPE RAMALHO
O calor já começou a apertar no Alentejo. Apetece a cozinha alentejana, sobretudo em versões frescas e leves. É possível? Filipe Ramalho, no Páteo Real, prova-nos que sim. Este chef de raízes profundas no Alto Alentejo saiu recentemente do hotel Torre de Palma para abrir negócio próprio na zona, mais precisamente na lindíssima vila de Alter do Chão. Ficou com o restaurante Páteo Real, de espaços vastos e generosos, que transformou com bom gosto e leveza. O pátio dá o nome ao restaurante com justeza. É ele que constitui o coração da casa. Parte dele sob um telheiro em madeira, utilizável de inverno, parte coberto por grandes chapéus de sol que emitem boa sombra. Está-se bem. No espaço da esplanada há ainda um bar, que vai estar a funcionar ao longo de todo o dia.
A carta é desejavelmente curta porque inclui sempre um ou dos pratos do dia, com o que dá o mercado ou a organização do chef. No dia em que lá fui, não cheguei já a tempo de provar a costela de vaca (deixo foto da do vizinho do lado que apanhou a última, apesar de não ter provado, para avaliarem o aspecto). Mas fiquei muito bem servida com perna de borrego lentamente cozinhada, suculenta e quase de comer à colher. De companhia, umas migas de batata doce permeadas por pedacinhos minúsculos de pimento e acidificadas por cebola-roxa filamentada. Equipa vencedora. A entrar, veio o naipe da frescura em duas versões: uma salada de pimentos assados com tirinhas de toucinho e coentros e uma salada de polvo com tomate e pimento e coentros laminados. E a genial tarte de farinheira de castanha da D. Octávia da Salsicharia Canense, no Cano. É uma entrada' É uma sobremesa? É uma refeição? Uma fusão? é simplesmente a tarte de farinheira de castanha e pêra bêbeda do Filipe Ramalho.
A fechar, uma tarte de amêndoa tradicional. A doçaria é da responsabilidade da sogra do Filipe, que tem mão para doceira.
Para a viagem foi oferecido um licor de nêspera de textura muito cremosa e a saber ao fruto. Escolhemos um vinho local, Vale Barqueiros tinto, da herdade do mesmo nome sita em seda, concelho de Alter do Chão.
Gostei de ver e provar a cozinha de Filipe Ramalho em versão diferente. Tal como esperava, uma cozinha regional, elevada pelo uso de técnicas e saberes diferenciados, com muito sabor e raízes. Parabéns ao Filipe e as maiores felicidades para o Páteo Real. Restaurantes assim fazem muita falta no interior.
Salada de pimentos
Salada de polvo
Tarte de farinheira de castanha e pera bêbeda
Perna de borrego com migas de batata doce
Costela de vaca (não provada)
Tarte de amêndoa