OS RESTAURANTES EMBAIXADAS 1
Se a imagem da gastronomia de um país no exterior se forma dentro de portas através do gosto que o povo por ela tem e pela imagem que o turista transporta para fora após ter visitado e comido, não podemos esquecer a influência de um factor de muita relevância: o papel da restauração nacional fora de portas. Cada restaurante pode tornar-se um inestimável embaixador da gastronomia e ajudar a vender não apenas o destino turístico, mas também todos os produtos alimentares a ele associados.
Um dos casos de maior sucesso é o da comida italiana. Um país unido tão recentemente, conseguiu exportar a ideia de unidade gastronómica e invadir literalmente o mundo. Os soldados deste exército são as pizzas e as massas, mas atrás delas vêm todo um mundo de produtos marca Itália: o azeite, os queijos, os presuntos, os salames, o tomate, as trufas e, claro, o vinho. E, no fim de tudo, a marca Itália é a própria Itália.
Claro que há sempre perigos à espreita, nomeadamente a americanização, que pode ser um perigo, sim, mas também é a base da popularidade, tal como uma contrafacção da Hermès pode fazer vender mais Hermès. A esses perigos responde a Itália com certos mecanismo inteligentes, como a certificação dada pela Associação Pizza Verace Napolitana, que atesta a genuinidade das pizzas feitas em restaurantes de todo o mundo através do certificado Pizza Certificata Napoletana. A qualidade da pizza é certificada através da conformidade a normas dos ingredientes utilizados e das várias etapas da confecção, nomeadamente o modo de fazer da massa (tipo de levedura por exemplo, neste caso um fermento biológico natural) e o forno e a lenha usados.
Há três restaurantes certificados em Portugal: dois são do nepalês Tanka, o Forno d’Oro e o Come Prima, sendo o terceiro o Mercantina (com duas casas, uma em Alvalade, outra no Chiado).
O Forno d’Oro fez uma festa para comemorar a entrega do troféu, entregue pelo restaurador napolitano Antonio Pace, presidente da referida associação, e onde esteve presente o embaixador de Itália, a atestar a importância que os países devem dar aos restaurantes como embaixadas pelo mundo.
O meu próximo post «Restaurantes Embaixadas 2» será dedicado ao nosso embaixador Vítor Sobral a propósito de um prémio recebido recentemente no Brasil. Seria bom que nós povo e quem de direito nos apercebêssemos da importância que estas «embaixadas» têm na divulgação da gastronomia e dos produtos portugueses.