Conversas à Mesa

Com a crise, fecharam alguns locais restaurativos inviáveis, mas abriram um grande ror de novos. Foi literalmente uma explosão de novos locais, que correspondeu sobretudo a uma procura jovem, que vai do bio/saudável/pouca proteína ao americanismo do pão (mascarado de alternativo)/gordura/sal. A cozinha portuguesa também se viu representada por espaços novos, algumas pingarilhices, mas muitas coisas genuínas, com as boas intenções de renovar a nossa cozinha. A nossa oferta tem ainda uma boa característica, difícil de encontrar noutros locais: nem sempre o que é bom é caro. Pode não ser baratucho, mas a preços médios, consegue-se comer bem e onde o cômputo geral é agradável. Hoje começa uma série de posts sobre valores seguros, o de hoje é da zona de Cascais. Hoje em dia, cada vez frequento mais estes valores seguros, onde não há surpresas, nem boas nem más. Preços médios considero aqui em redor dos 20 a 25 euros, com um copo de vinho, o couvert, um prato e sobremesa. Nestes restaurantes a conta trepa facilmente se comermos mariscada ou bebermos vinho mais carote.

Hoje apresento-vos uma boa sugestão.

O Toscano, na Parede

É um daqueles tradicionais. Existe desde 1972. Juntamente com o Dom Pepe (ao lado) era local de romaria de fim-de-semana e jantar. Era o clássico restaurante da zona, com a dobradinha do marisco e das carnes, na época em que um bife com pimenta era um deslumbramento. Hoje, com a carne tão má que anda, um bom bife voltou a ser um deslumbramento e é agora uma raridade. Há pratos com nomes franceses, noisettes, au Madeira, etc. veja a ementa aqui.

Aqui ficam as fotos do último jantar. O patê e o pão, na primeira. Na segunda, gambas fritas com polme e, por fim, umas boas farófias (na foto, só meia dose, porque foram a dividir). Os pratos do dia e mais em conta andam entre os 13 e os 15. As doses são boas.

Vantagens

• A vista para o mar. Marque e peça sempre um mesa virada para o mar.
• Tem um manobrista. É só sair do carro à porta e entregar a chave, que eles arrumam e trazem de volta.
• O serviço à antiga. Os empregados de fato escuro e camisa branca (nada destes aventais bistronómicos).
• Não tem dia de fecho. Quantas vezes já bati com o nariz na porta. Não consigo decorar os dias de fecho e nem sempre me lembra de reservar.
• Cadeiras afastadas, pouco barulho, boa panóplia de mesa.
• Carrinho de sobremesas com várias delícias. Desde miúda que sou vidrada em carrinhos de serviço.
• O couvert é maravilhoso. Um optimo pão com chouriço, muito suave, e uma pasta de gambas e sapateira como nunca comi tão boa. Carota, (quase 8 euros), mas dá para 4 a comerem fartamente colheradas dela nas torradinhas de pão com manteiga (um cesto delas acabadas de torrar e amanteigar).
• A comida é honesta, fresca, bem confeccionada. Há sempre pratos do dia.

Precisam de mais?